BRASIL - A presidente Dilma Rousseff foi
vaiada na tarde desta terça-feira (2) ao defender no plenário do Congresso a
recriação da CPMF. O barulho provocado por dezenas de parlamentares levou o
presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), a acionar a campainha para
que Dilma pudesse continuar a falar. Parlamentares da oposição seguravam
cartazes de “Xô CPMF.
“Não podemos prescindir de medidas
temporárias. As propostas são a prorrogação da CPMF e a Desvinculação de
Receitas (DRU). Debateremos o quanto for necessário com o Congresso e com a
sociedade. Mas peço quem levem em conta a excepcionalidade do momento, dados e
não opiniões. É a melhor opção disponível no momento. Em favor do Brasil. A
CPMF é a ponte necessária entre a urgência do curto prazo e a necessária
estabilidade fiscal do médio prazo”, disse Dilma, sendo vaiada pela oposição.
Dilma fez questão de dizer que a CPMF
terá caráter provisório. “A CPMF é provisória. Aqueles que são contrários à
CPMF afirmam que a tributação tem crescido”, afirmou.
Dilma evita Cunha na chegada ao
Congresso
Um boneco inflável com a caricatura do
ex-presidente Lula com roupa de presidiário também foi apresentado por
parlamentares no plenário. Diante das reclamações, a presidente continuou
lendo, mas demonstrou certo nervosismo nas linhas seguintes.
Ao iniciar seu discurso, Dilma Rousseff
disse que é preciso ter uma “parceria com o Congresso” e prometeu adotar um
limite para os gastos públicos e ainda uma meta fiscal flexível. Dilma ainda
defendeu a reforma da Previdência.
“Vamos apresentar uma proposta
exequível para todos os brasileiros. Não vamos e não queremos retirar qualquer
direito dos brasileiros e das brasileiras”, disse Dilma.
E destacou várias vezes o apoio do
Congresso. “Conto sempre com a parceria do Congresso para alcançar patamares
mais altos. Queremos dar sequência à estabilização fiscal e assegurar a
retomada do crescimento. Esses não são contraditórios, controle fiscal e
equilíbrio Queremos construir com o Congresso, mais uma vez, uma agenda”, disse
Dilma.
A presidente disse que essa agenda
servirá para uma “transição do ajuste fiscal para uma reforma fiscal, com o
objetivo de dar sustentabilidade. “Vamos propor reformas que altere a taxa de
crescimento das nossas despesas primárias. Um limite para o crescimento do
gasto primário do governo, para dar mais previsibilidade fiscal e qualidade do
gasto.”
Ao chegar, Dilma foi recebida pelos
presidentes da Câmara e do Senado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Renan Calheiros, e
pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski. Dilma foi
cercada de políticos de diversos partidos da base e até mesmo alguns da
oposição no caminho entre a rampa do Congresso e o plenário da Câmara.
A
presidente cumprimentou muitos parlamentares com beijinhos e, já dentro do
plenário da Câmara, ouviu-se um reduzido grupo de deputados da oposição falarem
:”Fora, PT”, em baixo tom de voz. Alguns seguravam cartazes com o dizer: “Xô,
CPMF”.
No momento
em que Dilma subia à Mesa da Câmara, aplausos fracos se misturaram a vaias
discretas. Ao passar pelo Salão Verde, recebeu aplausos de um grupo de
servidores da Casa, mas também foi alvo de uma pequena vaia e de gritos de
“Fora, Dilma”. Uma moça chamada Kelly Cristina, de 29 anos, ficou escondida num
corredor a poucos metros de onde a presidente passava. Ao começar a gritar, os
seguranças fecharam as portas do corredor, o que abafou a manifestação.
Ministro critica vaias
O ministro
da Casa Civil, Jaques Wagner, lamentou ao chegar ao Congresso a decisão da
oposição de fazer manifestações.
“Fica feio
para quem faz. Mas o jogo da democracia é esse e tem que ser jogado sempre. Não
vou reclamar. Mas a democracia tem regras que não precisam ser rasgadas,
quebradas”, disse Jaques Wagner ao Globo.
Ele disse
que ficou sabendo dos cartazes quando chegou ao Congresso e que a presidente
Dilma não teria sido informada antecipadamente.
Fonte
– gazeta do povo