O
Ministério Público Federal (MPF) apresentou na sexta-feira (24) denúncia à
Justiça contra executivos da Andrade
Gutierrez e da Odebrecht, as maiores empreiteiras do país, dentro da
Operação Lava Jato. Ao todo, 22 pessoas foram denunciadas por organização
criminosa, corrupção ativa e passiva, e lavagem de dinheiro. Entre elas estão
os executivos Marcelo Odebrecht e
Otávio Azevedo, o doleiro Alberto
Youssef, os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque, os ex-gerentes da estatal Pedro Barusco e Celso Araripe, e os
operadores Bernardo Freiburghaus,
Fernando Soares, Lucélio Goes e Mario Goes.
O
MPF pediu o ressarcimento de R$ 7 bilhões aos cofres públicos. Segundo o
procurador Deltan Dallagnol, o
Ministério Público busca o ressarcimento de R$ 486 milhões dos acusados na
denúncia que envolve a Andrade Gutierrez e de outros R$ 6,7 bilhões aos
denunciados por supostas irregularidades vinculadas à Odebrecht.
Confira
como funcionava o esquema de corrupção
Segundo
a força-tarefa, o valor em corrupção causada pela Odebrecht alcançaria R$ 389
milhões. Além disso, o MPF calcula que o dano causado pelas empresas do grupo à
Petrobras chega a R$ 5,9 bilhões. Foram denunciados seis executivos da empresa.
Já no caso da Andrade Gutierrez, o valor da corrupção da empresa é estimado em
R$ 243 milhões, e 13 pessoas foram denunciadas nesse caso.
“A
mensagem central dessas acusações é que o Brasil não vai compactuar com a
prática de crimes por mais poderosos que sejam seus autores”, diz
Dellagnol.
Brasken
O
MPF detalhou ainda um contrato firmado entre a Brasken, subsidiária da
Odebrecht, e a Petrobras em 2009, referente a uma renegociação de um contrato
de compra de nafta (subproduto do petróleo). Segundo investigadores, a
renegociação causou um prejuízo de cerca de R$ 6 bilhões à estatal.
Para
favorecer a Brasken na negociação do contrato, o ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa teria recebido propina. O MPF estima que US$ 5
milhões ao ano foram pagos em vantagem indevida para Costa, o Partido
Progressista (PP) e o ex-deputado José Janene. Após a morte de Janene, em 2010,
Youssef passou a receber a propina em seu nome. Os pagamentos eram feitos no
exterior através do ex-executivo da empresa Alexandrino Alencar em contas
indicadas por Youssef.
O MPF apresentou na denúncia contra a Odebrecht o detalhamento de 115
transações feitas pela empresa em contas na Suíça entre 2006 e 2014. O valor
chega a R$ 1 bilhão. As transações foram para pagamento de propina aos
ex-funcionários da Petrobras Costa, Barusco e Duque.
Esquema
Segundo a denúncia, Duque e Barusco receberam juntos R$ 4,8 milhões de propina
por um contrato do Consórcio OCCH, do qual a Odebrecht fazia parte, para a
construção da sede da Petrobras em Vitória (ES). O ex-gerente da obra, Celso
Araripe, teria recebido R$ 1,5 milhão em propina.
Andrade Gutierrez
Segundo a força-tarefa, ao analisar R$ 8,9 bilhões em contratos da
Andrade Gutierrez com a Petrobras, foram identificados pagamentos de propina de
R$ 1,5 milhão para Youssef, que fazia o repasse ao PP. Outros R$ 3,16 milhões
passaram pelos operadores Fernando Soares e Armando Furlan para chegar a Costa
e ao PP e PMDB. Os repasses ao PT, segundo a denúncia, chegaram a Barusco e a
Duque através dos operadores Mario Goes e Lucélio Goes. O valor desviado ao PT
é de cerca de R$ 5 milhões e US$ 1 milhão entre 2007 e 2010.
Fonte: Gazeta do povo