Pode até
conseguir, mas será muito difícil a presidente Dilma Rousseff extinguir dez
ministérios e reduzir milhares de cargos comissionados, ocupados,
principalmente, por indicados pelas bancadas fisiologistas de sua base de
sustentação política. Ficará mais difícil agora que o articulador político e
vice-presidente da República, Michel Temer, se despediu da função, porque
estava achando muito difícil conciliar os interesses de todos. A Câmara
Federal, como venho afirmando, deixou de legislar pelo interesse do povo e se
transformou em um grande balcão de escambo: troca cargos no Governo por apoio
político!
Diante da rebeldia da Câmara, que não marcha coesa com os interesses maiores do
Brasil, mas somente com os interesses pessoais de muitos políticos, não será
fácil a presidente Dilma cumprir o que anunciou: extinguir 10 ministérios e
reduzir os gastos da máquina pública. Na época das vacas gordas e dos impostos
elevadíssimos, chegando até a ser escorchantes, o Governo Federal criou cargos
comissionados em excesso para atender aos pedidos de partidos que apoiavam o
Governo. Agora, acontecerá uma visão alegórica: um monte de ratos pulando do
navio que está afundando lentamente!
Aos interesses
partidários, tudo; aos i nacionais, nada! Essa é a lógica da política e
de muitos políticos! Na hora da dificuldade, a Câmara aumenta custos, em
vez de diminuir e colaborar com a presidente. O Governo da presidente Dilma
Rousseff, por não ter uma política de planejamento a longo prazo, não conseguiu
ver a gravidade da crise financeira que atingiria o país no início de seu
segundo mandato. E deu no que deu! Economia estagnou, a recessão bateu à porta,
gerando menos vendas e, por consequência, menos impostos ao Governo. A desgraça
da economia veio junto com a decisão de apurar toda a corrupção na Petrobras,
responsável por investimentos de mais de 1% do PIB Nacional. Foi um efeito
cascata e, como cartas de um baralho ou de um dominó, desmoronou um a um todos
os alicerces da economia do país.
Estive várias
vezes em Brasília durante os Governos de FHC e no primeiro ano do Governo Lula,
em reunião com membros do Ministério do Trabalho, discutindo as novas políticas
de Emprego. Trabalho e Renda e tratando de outros assuntos de interesse da
Comissão Estadual de Emprego, que presidia no Amazonas. Nessas reuniões,
observava em que uma pequena sala, membros sindicalistas as lotavam
porque o espaço era muito pequeno para suportar tantos indicados
políticos em cargos de comissão. No Governo de Dilma Rousseff, já estava
aposentado e não viajei e desconheço a situação de hoje, mas devem
continuar todos atendendo a pedidos de partidos políticos, políticos e até
mesmo do ex-presidente Lula, que começou sua vida como sindicalista no ABC!
Nessas reuniões cansativas, cheguei a discutir com membro da CUT e de outras
centrais sindicais em cargos de comando, que pouco entendiam do assunto. Era eu
defendendo o aumento da carga horária dos cursos realizados com recursos do
Fundo de Amparo ao Trabalhador para no mínimo 120 horas (na época cursos eram
realizados como 12 horas e achava isso inaceitável porque no máximo seria
considerado reciclagem ou treinamento, mais curso de qualificação) e eles
respondendo que estava ótimo porque queriam quantidade e não qualidade.
Como comecei a
escrever, será muito difícil a presidente Dilma Rousseff, sem seu hábil
articulador político, conseguir cumprir o que prometeu e há muito tempo já
deveria ter sido feito: enxugar a máquina pública! Será uma tarefa hercúlia e
todos devem apoiar o esforço da presidente Dilma, porque não será uma tarefa
fácil de ser cumprida!
Texto : Jornalista Carlos Costa
Texto : Jornalista Carlos Costa