Chefe da Polícia Federal, o
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta
segunda-feira, 7, ter “absoluta certeza” de que os ministros da Comunicação
Social, Edinho Silva, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante, “não serão
denunciados” pelas acusações do empreiteiro Ricardo Pessoa, que disse em
delação premiada ter repassado dinheiro ilícito para os dois. “Conheço os dois
há muitos anos e minha convicção é de que jamais se envolveriam em qualquer
tipo de ato ilícito”, completou. O ministro da Justiça disse ter conversado
rapidamente com a presidente Dilma sobre o assunto e tem posição que expressa
“a de todos”.
Questionado se devem
permanecer no governo mesmo após o pedido da procuradoria-geral da República
para que sejam investigados, Cardozo afirmou que ainda não há condenação e que
não cabe “prejulgamento”. “A presidente é quem decide a composição de seu
ministério a qualquer tempo, então não cabe a ministro fazer juízo de valor
sobre isso. O que posso afirmar é que não há indicador objetivo que leve à
condenação ou ao prejulgamento de ninguém”, disse o ministro, ao deixar o
desfile em comemoração ao 7 de setembro, na Esplanada dos Ministérios.
Nesta segunda, com um discurso afinado com
Cardozo e com outros colegas, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, afirmou que
as investigações contra Edinho e Mercadante não constrangem o governo, mas
afirmou que caso eles sejam de fato denunciados a situação pode mudar. “Não tem
prejulgamento, então não há constrangimento”, disse. “Vamos esperar a
investigação. Se fosse uma denúncia seria diferente”, disse. Questionado se
caso os ministros forem denunciados, ele seria a favor do afastamento, Vagner
afirmou que “se eles forem denunciados é outra questão, por enquanto vamos
ficar na investigação”, reforçou.
A mesma opinião foi compartilhada pelo ministro
das Comunicações, Ricardo Berzoini, que disse não ver nenhuma hipótese de os
dois deixarem o governo. “Temos confiança total nos dois ministros. Eles são
plenamente corretos. Essa é uma investigação. Não é uma denúncia”, declarou o
ministro, ao lembrar que os fatos “serão esclarecidos”. “Todo esse momento deve
ser encarado com tranquilidade, objetividade e dando direito deles se
defenderem”, acrescentou o ministro.
No início de seu primeiro mandato, Dilma
realizou o que ficou conhecido como “faxina ministerial” ao afastar ministros
suspeitos de envolvimento em irregularidades como o então comandante da Casa
Civil, Antonio Palocci. Na época, Palocci era responsável pela articulação
política do Palácio do Planalto, mas não suportou a onda de denúncias sobre seu
patrimônio pessoal e pediu demissão, alegando que assim sua permanência
prejudicaria a ‘continuidade do debate político’. No seu lugar, assumiu Gleisi
Hoffmann.
Além da investigação que recai sobre Edinho, com
base em doações eleitorais para a campanha de 2010, a PGR solicitou apurações
sobre campanhas presidenciais do PT dos anos de 2010 e 2006, também mencionadas
por Pessoa. Os casos foram encaminhados à Justiça Federal do Paraná, pois os
nomes citados pelo delator não possuem foro privilegiado perante o STF. Cardozo
destacou que o Ministério Público quer investigar “várias situações, não só do
PT, mas também da oposição”. A PGR também pediu para investigar o senador
Aloysio Nunes (PSDB-SP), com base nos depoimentos do dono da UTC. Todas as
investigações são mantidas em absoluto sigilo.