MANACAPURU-AM - Após dar declarações polêmicas sobre “choque de
ordem”, o então novo subcomandante do 9º Batalhão da Polícia Militar
de Manacapuru, capitão Joel Zelian, foi exonerado do cargo nesta quarta-feira
(28). A saída dele ocorre após a divulgação de uma entrevista em que o capitão
afirma ter dado ordem para matar e invadir residências sem mandado judicial.
A
exoneração do capitão Joel Zelian foi confirmada pelo comandante do
Policiamento do Interior (CPI), tenente-coronel José França. “Depois de
constatarmos a gravidade do fato, chamamos ele para Manaus para uma função
administrativa”, disse. “Hoje mesmo está sendo baixada uma portaria com o
substituto”. O nome do novo subcomandante não foi divulgado.
“Foi
instaurado um procedimento para apurar (o caso). Ele está sendo ouvido e será
dada a chance do contraditório”, explicou o comandante do CPI. Segundo ele, um
inquérito será instaurado na Diretoria de Justiça e Disciplina da PM e, em
prazo máximo de 40 dias, o resultado será encaminhado à Justiça Militar e ao
Ministério Público Militar.
Declarações polêmicas
Em entrevista à Rádio Web Manacapuru no último final de
semana, o capitão Joel Zelian afirmou que faria um choque de gestão no combate
à criminalidade, nem que para isso precisasse burlar a lei. Ele disse nunca ter
entrado em uma casa com autorização da Justiça, afirmou que não tinha medo de
ser denunciado e que era “audacioso mesmo”. Leia mais.
O
comando do 9º Batalhão de PM foi trocado na última sexta-feira com o objetivo
de conter uma onda de assaltos na cidade. “Aqui e acolá vocês vão ouvir de eu
estar invadindo casa. E eu vou logo dizendo uma verdade para vocês, eu nunca
invadi casa com autorização da Justiça. A gente faz na bruta mesmo. Então, você
que tem sua casa, que é casa traficante, eu vou invadir tua casa, estou logo
avisando”, disse o capitão.
Resposta em novo áudio
Em certo trecho da entrevista à rádio, o capitão Zelian
disse que os arrastões em Manacapuru aconteciam porque faltava a polícia
“cassetar uns e outros” e que “todo mundo é bandido, do cidadão ao cidadão
infrator”. Sobre essa parte da entrevista, o capitão Joel Zelian divulgou um
áudio nas redes sociais justificando o que disse.
“Quando
eu falei cidadão, é cidadão infrator. Alguém confundiu como cidadão de bem.
Não. Hoje em dia ninguém pode chamar bandido, pilantra, safado, esses patifes,
com esse nome. Tem que ser cidadão. Então eu me referi ao cidadão adulto e ao
cidadão menor. Estão usando esse ‘teretetê’ para generalizar”, disse o capitão
no novo áudio.
Ele dá
mais explicações. “Não me referi ao cidadão de bem, da paz, que trabalha e paga
imposto, esse aí eu protejo. Mas no cidadão bandido e infrator é bala mesmo.
Ninguém vai tirar minha palavra. Sou guerreiro, sou ousado, sou destemido e
temido”, afirmou o capitão Joel Zelian.
‘Ele foi infeliz nesse caso’
O
comandante do CPI, tenente-coronel José França, considerou equivocada as
declarações do capital Joel Zelian. “Lamento por ele ser um policial antigo.
Ele se empolgou porque é a primeira vez que assumiria o comando de um batalhão.
Ele queria dar punho mostrar serviço e se perdeu”, disse França.
Fonte: http://acritica.uol.com.br/