BRASIL - O vice-presidente Michel Temer (PMDB) deve se encontrar com o
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), ainda neste fim de semana para
uma conversa reservada sobre o processo de impeachment aberto contra a
presidente Dilma Rousseff. A reunião é mais um sinal de que Temer está se
descolando do Palácio do Planalto e trabalha para preparar o terreno caso venha
assumir a Presidência da República.
Segundo um auxiliar de Alckmin, o encontro começou a ser articulado na
sexta-feira e “seguramente” vai acontecer neste sábado ou no domingo. Na
segunda-feira, Temer e o tucano participarão de um evento público, lado a lado,
no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
Desde que o processo de impeachment foi deflagrado na quarta-feira, o
vice não fez nenhum gesto de apoio a Dilma. Pelo contrário. Não esteve ao lado
dela no pronunciamento em que a petista rebateu o pedido do seu afastamento.
Também se recusou a participar de uma reunião com ministros para discutir como
organizar a base aliada para enfrentar o processo na Câmara.
Ontem o Palácio do Planalto foi surpreendido com a notícia de que um dos
principais aliados do vice, o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil), decidiu
que vai deixar o governo. A decisão foi vista com preocupação e fez o governo
se mobilizar para evitar uma debandada dos outros seis representantes do PMDB
na Esplanada.
Também na sexta-feira Temer
embarcou para o Espírito Santo para um encontro com o governador Paulo Hartung.
Oficialmente, a reunião – que não foi divulgada pela assessoria de imprensa do
vice – teve o objetivo de discutir os impactos do desastre ambiental causado
pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco. Hartung, porém, já fez
declarações favoráveis ao impeachment de Dilma. No ano passado, apoiou o então
candidato do PSDB, Aécio Neves, nas eleições presidenciais.
Para o Palácio do Planalto,
não há dúvida de que Temer está procurando se descolar de Dilma. Publicamente,
porém, ministros próximos à presidente têm dado declarações para constranger o
vice. Jaques Wagner (Casa Civil) já afirmou que Temer é um estadista e sabe que
não há “lastro” para o impeachment. Edinho Silva (Comunicação Social), por sua
vez, disse que acredita que o vice vai trabalhar para “unificar o PMDB” e
“garantir a governabilidade”.
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Ronaldo Aleixo
Conteúdo: gazeta do povo