BRASIL - O PT e o Palácio do Planalto aguardam uma
resposta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre
o sítio usado por ele em Atibaia, no interior paulista, alvo de inquérito da Operação Lava Jato, para traçarem uma estratégia de defesa do
petista.
O Conselho do Instituto Lula, formado por 36 integrantes, se reúne nesta
sexta (12) em São Paulo. O objetivo da reunião, marcada desde o ano passado, é
decidir o planejamento para 2016, mas existe a expectativa de que Lula
finalmente fale sobre o assunto.
A Lava Jato
investiga se empreiteiras que participaram do esquema de desvios de verbas da
Petrobras bancaram a reforma do imóvel em Atibaia.
Lula espera que a presidente Dilma Rousseff o defenda de forma
explícita. De acordo com integrantes do governo, ela tem dito que está disposta
a ajudar, mas alega que não poderia fazer muita coisa além de manifestar
solidariedade ao seu antecessor enquanto ele próprio não apresentar uma
explicação definitiva para o caso.
Na direção do PT
existe consenso de que proteger Lula é proteger o PT. O presidente Rui Falcão
gravou um vídeo e publicou um texto em sua defesa, um ato de solidariedade foi
marcado para a comemoração de 36 anos da legenda, dia 26, no Rio, e dirigentes
têm tomado iniciativas pessoais em favor do ex-presidente. Mas até agora Lula
não deu uma posição ao partido sobre as suspeitas.
O partido
franqueou ao ex-presidente espaço no programa nacional de TV que vai ao ar no
dia 23, mas até agora a direção não recebeu orientação sobre o que dizer em
defesa do maior líder do partido.
Estratégia
Isso tem causado
inquietação entre petistas. Alguns integrantes do partido passaram a lembrar
que o próprio Lula não defendeu de forma explícita companheiros condenados no
caso do mensalão e que o sítio em Atibaia é uma questão pessoal, não
partidária. As avaliações de que Lula e seu entorno subestimaram as suspeitas
são cada vez mais comuns.
Advogados com
trânsito na cúpula petista reclamam que a defesa do ex-presidente Lula está
sendo muito “reativa”, “amadora”, “emocional”, e que as respostas demoram, o
que acaba desgastando a legenda.
Setores do PT
defendem a entrada de advogados renomados que tenham prestígio para
“constranger” os setores do Judiciário que estariam promovendo uma “gincana”
por evidências com potencial de prejudicar Lula.
A contratação do
advogado Nilo Batista foi feita por pressão do PT. O criminalista, porém,
adotou a estratégia oposta à esperada por advogados ligados a sigla: deu
declarações “desastrosas” e acabou ampliando o desgaste político do petista.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.