BRASIL - Líderes da base aliada e da oposição
no Senado articulam um grande acordo para barrar no plenário da Casa eventual
ordem de prisão provisória do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
e do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Os pedidos de prisão foram feitos pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e serão avaliados pelo Supremo
Tribunal Federal. Se a Corte determinar, os senadores só podem ser mantidos
presos após aprovação do Senado.
O mesmo procedimento
ocorreu com o senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS). No caso dele, o
plenário decidiu, em novembro de 2015, mantê-lo preso após a determinação do
STF. Abandonado pelo comando do PT, na época sua legenda, Delcídio não contou também
com gesto de solidariedade de nenhum integrante da bancada durante a votação.
Desta vez, porém, com
Renan e Jucá a tendência é que o plenário se comporte de maneira diferente. O
argumento, segundo líderes ouvidos pelo jornal "O Estado de S.
Paulo", é que o conteúdo que veio a público das conversas gravadas pelo
ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado não é suficiente para levar um
parlamentar à prisão.
Além disso, há receio na
Casa com os desdobramentos da delação do empreiteiro Marcelo Odebrecht. As
revelações do empresário podem levar a novos pedidos de prisões. Segundo
fontes, há mais de 30 senadores envolvidos, quase metade da Casa, composta por
81 integrantes. Além disso, já são 12 os senadores investigados na Operação
Lava Jato com inquéritos em tramitação no STF.
O discurso oficial,
contudo, é o de que com o que foi publicado até agora, a autorização de prisão
não passa na Casa. "Fizemos o pedido para ter acesso à delação e gravações
do Sérgio Machado. O procurador-geral que prove que teve e qual foi o
flagrante", disse o líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PB).
"Não é uma questão de dar uma resposta institucional, porque pode parecer
corporativismo, mas é uma questão constitucional. Quem tem que mostrar o ônus
da prova é ele (Rodrigo Janot)."
O líder do governo no
Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), também faz ressalvas aos pedidos baseados
apenas no conteúdo que já foi publicado sobre as conversas gravadas por
Machado. "Na minha opinião, não é suficiente com o que tem. Pode ser que
tenha havido coisas que eu não conheça, mas para mim, até aqui, é uma mera
especulação de conversas reservadas, sem nenhuma consequência prática",
disse o tucano.
Para o líder do PDT,
Acyr Gurgacz (PDT-RO), o ministro do Supremo, Teori Zavascki, relator dos processos
da Lava Jato, não chegará nem a pedir as prisões. "Se for aquilo que
vimos, é fraco. Temos de aguardar. Só com o que tem, o próprio Teori barra. Sem
flagrante, o ministro não vai mandar para cá", afirmou.
Fonte: bol.com.br