BRASIL - A presidente afastada Dilma Rousseff prepara uma Carta ao Povo Brasileiro, batizada por ela mesma de “programa da volta”, na qual vai prometer um novo eixo para o governo, caso retorne ao Palácio do Planalto, e fará críticas à política econômica executada pelo presidente em exercício Michel Temer.
Em almoço nesta quarta-feira,
6, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com os ex-ministros Jaques
Wagner e Ricardo Berzoini, no Palácio da Alvorada, Dilma foi aconselhada a
aumentar o tom dos ataques à condução da economia, sob o argumento de que o
chamado Plano Temer levará ao agravamento da recessão.
Lula chegou a Brasília na
quarta-feira para retomar as articulações políticas contra o impeachment de
Dilma. O julgamento que pode cassar o mandato da presidente ocorrerá no
plenário do Senado entre os dias 22 e 26 de agosto.
“Nós decidimos que precisamos
melhorar a comunicação entre nós”, afirmou o senador Roberto Requião (PMDB-PR),
entusiasta da proposta de um plebiscito popular para a convocação de novas
eleições presidenciais. “Sou amigo do Temer, mas o que ele está fazendo não
dá”, afirmou.
Embora até petistas considerem
improvável a chance de Dilma voltar ao Planalto, a ideia é mostrar que ninguém
jogou a toalha. Na tarde desta quinta-feira, 7, por exemplo, a presidente
afastada terá um encontro, no Alvorada, com presidentes do PT, do PC do B e do
PDT e outros representantes das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Ali
começará a ser alinhavada a Carta ao Povo Brasileiro às avessas.
Em 2002, quando Lula concorreu pela primeira vez ao Planalto,
a carta compromisso tinha o objetivo de acalmar o mercado. Quatorze anos
depois, o PT cobra de Dilma que apresente um compromisso público sobre o rumo
de seu governo se o impeachment for derrotado, conforme resolução política
aprovada pelo Diretório Nacional do partido em 17 de maio.