BRASIL - A Polícia
Federal (PF) indiciou novamente o maior corrupto do Brasil o ex-ministro José
Dirceu (Casa Civil/Governo Lula) por corrupção ativa, formação de quadrilha e
lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato. O petista é suspeito de receber vantagens
ilícitas sobre contratos da Petrobrás com as empresas Hope Recursos Humanos e
Personal Service. No relatório de indiciamento do petista, a PF o classifica
como "José Dirceu, o VIP".
Neste novo
indiciamento que pegou Dirceu também foram enquadrados outros sete
investigados: o lobista e delator da Lava Jato Milton Pascowitch, seu irmão
José Adolfo Pascowitch, o ex-assessor do petista Roberto 'Bob' Marques, os
executivos ligados à Hope Rogério Penha da Silva e Raul Andres Ortuzar Ramirez,
o presidente da Personal Service, Arthur Edmundo Alves Costa, e Wilson da Costa
Ritto Filho. O relatório de 25 páginas, da Polícia Federal, que indiciou os
oito investigados foi concluído em 22 de junho.
É a terceira vez
que a Lava Jato enquadra Dirceu criminalmente. Ele já foi condenado pelo juiz
Sérgio Moro a 20 anos e dez meses de prisão, por corrupção, lavagem de dinheiro
e associação criminosa - o ex-ministro teria recebido propinas do esquema
Petrobrás por meio de sua empresa, a JD Consultoria e Assessoria.
No inquérito
policial, indiciar corresponde a imputar a algum suspeito a autoria de
determinado ilícito penal. Não significa, contudo, que o Ministério Público
Federal concordará com os argumentos e denunciará os envolvidos.
No documento, ao
imputar a Dirceu o crime de lavagem de dinheiro, o delegado Marcio Anselmo
aponta "o artigo 1º da Lei 9.613/98 por ter dissimulado, de várias
maneiras, o recebimento de vantagens ilícitas no âmbito de contratos mantidos
por empreiteiras e prestadoras de serviços da Petrobras, por meio das empresas
Hope, prestadora de serviço terceirizado na área de RH da Petrobras, mediante o
custeio de hospedagens".
A Hope Recursos
Humanos, segundo as investigações, já firmou contratos, entre 2007 e 2011, de
mais de cerca de R$ 3,5 bilhões.
O Relatório de
Análise 11 9/2016, da Polícia Federal, aponta que a Hope "custeava
diretamente despesas pessoais de José Dirceu, o VIP". Seriam "várias
hospedagens no hotel Sofitel no Rio de Janeiro, carro e motorista e até mesmo
hospedagem para a namorada".
"Frise-se que
o custo de cada diária, com suíte de luxo do hotel, era de R$ 1,9 mil a diária,
ainda no ano de 2011. Importante ainda destacar a menção ao Jr. (Wilson da
Costa Ritto Filho), indicando que o mesmo tinha participação direta nos fatos",
aponta o documento.
No relatório de
indiciamento, a PF destacou mensagens trocadas entre funcionários da Hope e da
JD Consultoria e Assessoria, a empresa de José Dirceu.
O relatório da PF
destaca que "o nível de intimidade do VIP com seus mantenedores era tamanho
que a funcionária
Simone (Assistente
da Diretoria) da Hope destaca que a empresa assumiria qualquer gasto extra,
além de solicitar que atentem para as preferências do VIP inclusive pelo mesmo
quarto".
O documento da PF
aponta que Rogério Penha, Raul Ramirez e Wilson Ritto Filho foram ouvidos pela
polícia e negaram "manter contatos com José Dirceu e Roberto Marques"
e ter repassado valores a Milton Pascowitch. Arthur Costa, segundo o relatório
da PF, se apresentou à Superintendência e ficou em silêncio. Wilson Ritto não
foi localizado.
Defesas
O criminalista
Roberto Podval, que defende José Dirceu, disse que ainda não conhece os termos
do inquérito e do novo indiciamento do ex-ministro da Casa Civil. "Não
temos ciência. Vou me inteirar do relatório da Polícia Federal para poder me
manifestar", afirmou.
Os advogados
Rafael De Piro e Rodrigo Pitanguy, que defendem Rogério Penha, Raul Ramirez e
Wilson da Costa Filho, disseram que os empresários "estão afastados da
gestão da empresa desde agosto de 2015. Quanto ao indiciamento, todos eles
estão a disposição da Justiça para os esclarecimentos necessários".
A defesa de Arthur
Edmundo Alves Costa disse que "cabe ao Ministério Público a análise do
relatório do delegado e temos certeza que, de acordo com a jurisprudência do
Supremo (Tribunal Federal), não há razão para uma denúncia embasada em meras
suposições", Assina a nota o criminalista Fernando Augusto Fernandes,
responsável pela defesa de Arthur Edmundo Alves Costa.
A Hope, por sua
vez, informa "que sempre colaborou e continuará colaborando com todas as
investigações. A empresa tem certeza de que, ao final das apurações, tudo será
esclarecido".
"Roberto
Marques nunca teve acesso aos autos do inquérito policial, que está tramitando
sob sigilo, e portanto não tem condições de se manifestar sobre eventual
indiciamento. Não foi notificado para ato desta natureza. Permanece, como
sempre, à disposição das autoridades. Tomou conhecimento via imprensa. Provará
sua inocência", afirmou o advogado Maurício Vasques.
Fonte: bol