BRASIL - O
MPF (Ministério Público Federal) denunciou nesta quinta-feira (21) à
Justiça de Brasília o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu amigo José
Carlos Bumlai, o ex-senador Delcídio Amaral, o banqueiro André Santos Esteves,
o ex-assessor de Delcídio, Diogo Ferreira Rodriguez, o advogado Edson Siqueira
Ribeiro Filho, e o filho de Bumlai, Maurício Barros Bumlai. Todos são acusados
de "agirem irregularmente para atrapalhar as investigações da Operação
Lava Jato".
O caso já havia
sido denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em dezembro
do ano passado. No entanto, em decorrência da perda de foro privilegiado do
ex-senador envolvido, Delcídio Amaral, e também pelo fato de o crime ter
ocorrido em Brasília, a denúncia foi enviada à Justiça Federal do Distrito
Federal. Com essa redistribuição, o MPF do DF foi acionado para se manifestar
sobre a ação penal e concluiu pela confirmação integral da denúncia prévia do
PGR.
Além de confirmar
os elementos apresentados, o procurador da República Ivan Cláudio Marx faz
acréscimos à peça inicial, com o objetivo de ampliar a descrição dos fatos e as
provas que envolvem os acusados. Os crimes apontados estão previstos nos
artigos 2º, § 1º, da Lei nº 12.850/2013, art. 357 do CP e art. 355 do Código
Penal.
Defesa
Para o
criminalista Conrado de Almeida Prado, que defende Bumlai, a ratificação da
denúncia já era esperada. Ele, afirma, contudo, que a defesa de Bumlai ainda
não teve acesso nem a acusação nem ao aditamento apresentado pelo procurador
Ivan Marx, que está em sigilo. "Nosso cliente nega veementemente que tenha
dado qualquer quantia em dinheiro para a família de Nestor Cerveró para
eventual compra de silêncio dele, até porque não havia nenhuma preocupação do
Bumlai com algo que ele pudesse dizer", afirma Conrado.
Ele lembra que na
outra ação em que Bumlai é réu, envolvendo um empréstimo do Banco Schahin ao PT
por intermédio do pecuarista, o próprio Cerveró admitiu que nunca tratou do
assunto com ele. "Cerveró não teria nada a dizer que prejudicasse o Bumlai",
diz.
O advogado Damian
Vilutis, que defende Maurício Bumlai, também disse que ainda não teve acesso ao
teor da denúncia e que por isso não pose de manifestar sobre a acusação. Ele,
porém, negou que tenha havido a compra de silêncio de Nestor Cerveró.