BRASIL - O Ministério Público de Minas
Gerais instaurou investigação para apurar se o senador Antonio Anastasia
(PSDB-MG) se beneficiou da desapropriação de terreno utilizado na construção da
Cidade Administrativa, a sede do governo do Estado.
A área, de 830 mil
metros quadrados, pertencia ao Jockey Club de Minas Gerais, que tinha Anastasia
como sócio e conselheiro deliberativo. O valor pago pelo Estado foi de R$ 24
milhões. As investigações tiveram início a partir de denúncia feita por deputados
estaduais do PT.
Conforme descrição
do inquérito pela promotoria, "trata-se de representação noticiando
suposta irregularidade no processo de desapropriação da área onde está situada
a Cidade Administrativa".
Anastasia foi secretário de Planejamento no primeiro
mandato do atual senador Aécio Neves (PSDB) como governador de Minas, de 2003 a
2006 - quando o terreno foi desapropriado.
Segundo a
representação à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, Anastasia na época
participou "simultaneamente do processo de desapropriação como
desapropriado e desapropriante"e "sendo cotista proprietário foi o
beneficiário direto do valor a ser pago pela desapropriação da área".
Aécio foi reeleito
tendo Anastasia como vice na chapa. Ele assumiu o governo estadual em março de
2010, quando Aécio deixou o cargo e disputou o Senado. Por sua vez, Anastasia
foi reeleito governador naquele mesmo ano.
A Cidade
Administrativa foi inaugurada em março de 2010. O valor gasto declarado
oficialmente à época foi de R$ 1,2 bilhão. O pagamento da desapropriação ao
Jockey Club também ocorreu em 2010.
Anastasia, que é
relator do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no
Senado, nega que tenha se beneficiado na negociação. Em nota, ele disse que era
sócio da entidade desde 1985 e que doou sua cota ao governo de Minas em 2008.
Anastasia disse ainda que "considera importante que o Ministério Público
investigue o caso "para que mais uma vez sua lisura e correção possa ser
reconhecida e atestada".
Segundo o diretor
do Jockey Club de Minas Gerais, Marcio Ávila, a entidade é sem fins lucrativos
e nunca houve repasse de recursos financeiros a qualquer sócio do clube.
Segundo ele, em uma reforma estatutária feita há cerca de 10 anos, Anastasia
teve o nome incluído em documentação como conselheiro da entidade, mas que
ninguém no Jockey sabe dizer se o hoje senador aceitou realmente ser
conselheiro da entidade.
O governo de Minas não se posicionou sobre a
investigação.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.