BRASIL - Nas negociações de delação premiada da
Mendes Júnior, os procuradores da Operação Lava Jato em Brasília têm exigido da
empreiteira um esclarecimento sobre o pagamento de despesas pessoais do
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O acordo é discutido na
Procuradoria-Geral da República há cerca de cinco meses. As tratativas
começaram em Curitiba, mas foram transferidas para a capital por causa do
envolvimento de políticos com foro privilegiado.
Para os investigadores,
não é possível analisar qualquer proposta sem que haja um anexo no acordo sobre
o caso revelado pela revista Veja, em 2007, que resultou na renúncia de Renan à
presidência da Casa à época. O senador é acusado de ter despesas de um
relacionamento extraconjugal, no qual teve um filho, pagas por meio de um
lobista da Mendes Júnior.
Renan foi denunciado
pela PGR no Supremo Tribunal Federal, na esfera criminal, em 2013. O ministro
Edson Fachin disse à reportagem, em maio, que o caso deve ser analisado em
breve. Na esfera cível, Renan responde por improbidade administrativa na
Justiça Federal do Distrito Federal.
Nas duas ações, pesam
contra o senador as suspeitas de crime de peculato, enriquecimento ilícito e
fraude de documentos para comprovação de recursos. A Procuradoria e o
Ministério Público Federal afirmam que Renan recebeu propina da Mendes Júnior
para apresentar emendas que beneficiariam a empreiteira, em troca do pagamento
de despesas pessoais.
A reportagem revelou na
semana passada que a Mendes Júnior apresentou proposta de delação premiada na
qual assume ter efetuado pagamento de propina em obras públicas. As
negociações, porém, "esfriaram", porque a empresa ainda não abordou
todos os casos em que a PGR já tem indícios de subornos - e o principal é o de
Renan.
O senador informou, por
meio de sua assessoria de imprensa, que "jamais recebeu vantagens de quem
quer que seja". Segundo a nota, "os autos reúnem uma fartura de
provas inocentando o senador". A Mendes Júnior não respondeu.