24 de novembro de 2016

Delação da Odebrecht é o motivo para tentar anistia ao caixa 2, diz procurador e no Amazonas temos, Arthur Neto (Prefeito) , Bisneto (Filho do Prefeito e Dep. Federal) e Vanessa Grazziotin(Senadora) citados na lista.

BRASIL - Carlos Fernando dos Santos Lima, procurador regional da República e integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, disse nesta quinta-feira (24) que a articulação do Congresso para anistiar o caixa 2 é uma tentativa, na verdade, de conseguir um perdão para os crimes de corrupção.
Em debate em Brasília, o procurador insinuou que os parlamentares estão "em polvorosa" com a delação negociada pela Odebrecht, na reta final de ser celebrada, e por isso tentam uma "salvação" no Congresso.

"Temos talvez uma grande colaboração a ser celebrada essa semana. Não é à toa que o Congresso Nacional está em polvorosa. Há muitos necessitados de salvação entre deputados e senadores e são eles que estão agora abandonando todo o pudor lutando pela sua sobrevivência", disse Santos Lima.

Em discurso duro, o procurador foi crítico à repatriação de recursos e à reação do Congresso que tenta alterar o pacote das medidas contra a corrupção. Segundo ele, hoje "não é dia de luva de pelica, é dia de luva de boxe", para conseguir aprovar as medidas na sua essência.

Políticos do Amazonas 
Reportagem do dia 25/03/2016 do G1, 

O prefeito de Manaus Arthur Neto (PSDB), o deputado Arthur Bisneto (PSDB) e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), relacionados em planilhas da construtora Odebrecht como beneficiários de doações de campanha feitas pela empreiteira, negaram ter recebido recursos ilegalmente. Os três políticos do Amazonas estão entre os mais de 200 citados nas listas apreendidas pela Polícia Federal, na 23ª fase da Operação Lava Jato.

De acordo com as tabelas, os repasses foram feitos pela empreiteira para as campanhas municipais de 2012 e para as eleições de 2010 e de 2014. As planilhas foram apreendidas pela PF durante a Lava Jato, que teve como alvo principal o marqueteiro João Santana, que trabalhou em diversas campanhas do PT. Não é possível, porém, afirmar que se tratam de doações legais de campanha ou feitas por meio de caixa 2, já que os documentos não detalham se os valores, de fato, foram repassados e se foram pagos em forma de doação oficial.

Em nota, os políticos negam ter recebido doações de forma ilícita e afirmam que as doações recebidas durante as campanhas eleitorais foram devidamente declaradas à Justiça na época dos repasses.
Conforme consta nas planilhas, o prefeito de Manaus Arthur Neto recebeu pagamento de R$ 80 mil, em 1º de outubro de 2010. À época ele disputava o cargo de senador do Amazonas. Em nota, ele informou que as doações foram realizadas pela empresa Leyroz de Caxias Indústria Comércio & Logística LTDA, de forma legal.

"São documentos que estão disponíveis para consulta pública no Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM). (...) A prestação de contas de campanha de 2010 foram julgadas e aprovadas sem ressalvas pela Justiça Eleitoral. Vale ressaltar que não existe nenhuma obra da Odebrecht em Manaus", diz trecho da nota divulgada à imprensa.
Em carta aberta em uma rede social, Arthur Neto disse ter ficado surpreso ao ler a lista que, de acordo com ele, "mistura o legal com o ilegal, o verdadeiro com o falso". "Trata-se de um rol de nomes que teriam sido beneficiados com doações, em dinheiro, da empresa Odebrecht. Mas é preciso separar o que são doações legais de campanha, documentadas oficialmente aos TREs, do que chamam de propinas", escreveu ele ao dizer que se sentiu constrangido.

Depois da divulgação da lista, a senadora Vanessa Grazziotin também se posicionou via rede social. Em comunicado, ela disse ter estranhado o aparecimento do nome nas planilhas. "Todos os recursos que recebi nas campanhas eleitorais que participei foram legais, registrados e todas as prestações de contas foram analisadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral. Estranhei o aparecimento de meu nome numa lista que não sei como surgiu", afirmou ela, que recebeu R$ 700 mil da construtora em campanha eleitoral.
O deputado Arthur Bisneto também foi citado na relação da Odebrecht. O presidente da câmara informou que recebeu o valor de R$ 500 mil, via PSDB nacional, como doação da Usina Conquista do Pontal, empresa pertencente a empreiteira. A doação foi repassada durante campanha eleitoral em 2014.

"O valor é o mesmo constante na planilha divulgada pelo juiz Sérgio Moro, comprovando a lisura com que sempre tratei a Justiça Eleitoral e o respeito pela população do meu estado. Esta doação está declarada na prestação de contas de campanha, registrada e publicada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para consulta pública. Uma doação regular de campanha com todos os trâmites burocráticos declarados", disse Bisneto em nota.

Listas da Odebrecht
Os documentos foram apreendidos na casa do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa da Silva Junior, preso temporariamente na operação e liberado posteriormente pela Justiça. A PF ainda investiga se os valores que constam nas tabelas são doações legais ou caixa dois de campanha.

Na quarta-feira (23), depois das listas terem sido divulgadas na imprensa, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância, determinou o sigilo sobre os documentos.
Reportagem G1