BRASÍLIA
- Passado o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e confirmada a
projeção de absolvição de Michel Temer, o governo vai investir na arrumação de
sua base, na tentativa de barrar no Congresso a já esperada denúncia do
procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Se
Janot denunciar Temer – tomando como base delações do empresário Joesley
Batista, dono da JBS –, o Supremo terá de obter autorização da Câmara para
abrir ação penal contra ele. Para impedir a investigação, o presidente precisará
de pelo menos 172 dos 513 deputados.
Dividido,
o PSDB parece cada dia mais próximo do desembarque do governo, mas a decisão
final será tomada na segunda-feira, em reunião do Diretório Nacional, com a
presença de governadores. No Palácio do Planalto há preocupação não apenas com
a possível saída dos tucanos, mas também com o “efeito dominó” em outros
partidos.
É
com esse diagnóstico que Temer articula uma operação “segura base”,
intensificando contatos com aliados. Nesses encontros, o peemedebista dá
explicações sobre as denúncias, diz ter caído em uma “armadilha” de Joesley,
pede apoio e assegura que provará sua inocência.
“O
presidente deixou claro para nós que usará todas as forças para não cair. Fará
tudo o que for necessário para governar”, contou o senador Telmário Motta
(PTB-RR). “Ele é muito habilidoso e sabe tratar o Legislativo. Vai ampliar o
diálogo e fará as reformas que o mercado quer”, afirmou.
‘Horas
incertas’. A bancada do PTB conversou com Temer na noite de terça-feira,
6, no Planalto. “Queremos ser os amigos certos das horas incertas”, disse
Telmário, ao lembrar da música de Roberto Carlos.
O
líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que o Planalto
espera “reciprocidade” dos aliados, sob o argumento de que a política é feita
não apenas de bônus, mas também de ônus. “Será difícil apoiar o PSDB nas
eleições de 2018 se o partido deixar a base do governo”, disse ele.
A
declaração contrariou os tucanos. “Jucá deveria ficar preocupado com ele, e não
com os outros. Quem decide pelo PSDB é o PSDB”, reagiu o líder do partido na
Câmara, Ricardo Tripoli (SP).
O partido controla, atualmente, quatro dos 28
ministérios. O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), afirmou que a
legenda “não precisa de cargo e ministério para aprovar as reformas da
Previdência e trabalhista”.