SÃO PAULO
- Uma manifestação na frente da casa do prefeito socialista liberal de São
Paulo, João Doria (PSDB), neste sábado (15), acabou em tumulto e na prisão de
um jovem pela Guarda Civil Metropolitana Metropolitana (GCM) acusado de pichar
a residência do prefeito, localizada no Jardim Europa, zona nobre da capital.
O
evento chamado "escracho" foi realizado pelo movimento Levante
Popular da Juventude, segundo o perfil Jornalistas Livres, que transmitiu o ato
pelo Facebook.
Na
transmissão, é possível ver guardas imobilizando um dos jovens, já ao final do
ato e não mais em frente à casa de Doria. Três GCMs carregaram a rapaz
segurando-o por braços e pernas até um veículo da Guarda. Questionados pelos
participantes, os guardas afirmaram que ele seria levado ao 78º DP sob acusação
de pichação e que havia sido identificado por câmeras de segurança.
No
muro da casa de Doria, foi escrita a frase "SP não está à venda". A
mesma frase apareceu também em cartazes e faixas levadas pelos manifestantes.
Eles
protestaram, entre outros temas, pela recente restrição
imposta no uso do benefício do transporte gratuito para estudantes. A
gestão João Doria determinou que os estudantes poderão fazer quatro viagens
durante duas doras e, num outro período do dia, mais quatro viagens durante
duas horas. Antes, o estudante podia fazer até oito embarques no ônibus durante
as 24h do dia.
Segundo
Doria, a medida permitirá uma economia de R$ 70 milhões neste ano e não
interfere nas viagens feitas pelo estudante com objetivo educacional. A medida,
porém, desagradou movimentos estudantis, que afirmam que a restrição prejudica
a mobilidade do estudante e reduz ainda sua possibilidade de aprender
realizando atividades alternativas às aulas diárias.
Por
volta das 12h, o prefeito João Doria concedeu entrevista coletiva na porta de
casa e atribuiu o protesto a movimentos sociais ligados ao PT e a partidos de
esquerda. "Queria registrar que hoje pela manhã minha residência foi
cercada por manifestantes que picharam o muro da minha casa, ameaçaram
agressões aos seguranças que estavam aqui em frente, e fizeram uma manifestação
em nome do MTST, do PT, e de outros partidos esquerdistas protestando
principalmente contra o programa de privatização e desestatização que nós
estamos, neste momento, deliberando com a Câmara municipal de São Paulo".
Doria
criticou o propósito do ato, e defendeu que sua residência "não é local de
manifestação. Os que desejarem fazer manifestação que façam em frente à
Prefeitura ou em outros locais". O prefeito afirmou ainda que as
manifestações contrárias à sua gestão não vão "inibir" suas propostas
de desestatização.
Ainda
de acordo com o prefeito, as câmeras de segurança de sua residência registraram
o momento da pichação e as imagens foram encaminhadas à Guarda Civil
Metropolitana, que estava no local durante o protesto. Entretanto, o suspeito
foi detido pelos agentes quase uma hora depois do início do ato, quando a
manifestação já se dispersava e não estava mais em frente à casa de Doria.
"Foi preso porque foi identificado. As imagens estão na delegacia",
limitou-se a dizer.
Um
advogado que representa os manifestantes disse que não há indícios de que o
rapaz detido tenha pichado o muro da casa e que ele foi escolhido
aleatoriamente pela GCM.
De
acordo com Doria, o pichador será indiciado por crime com pena de um a 12 meses
e também a pena judicial da Lei Cidade Linda, que estabelece multa de R$ 5 mil
em caso de patrimônio particular. A lei é de iniciativa do próprio prefeito e
foi aprovada pela Câmara.
Às
13h, uma equipe de limpeza já havia chegado à casa de João Doria para remover a
pichação.