22 de setembro de 2017

O quadro mostra a comparação do RANKING NACIONAL DE COMPETITIVIDADE nos anos de 2016 e 2017, o Amazonas caiu da 17a. para 22a. posição, Rondônia subiu da 22a. para a 17a.

BRASIL - O ranking avalia os Estados em 10 pilares: Capital Humano, Sustentabilidade Ambiental, Educação, Sustentabilidade Social, Eficiência da Máquina Pública, Potencial de Mercado e Inovação, Segurança Pública, Infraestrutura e Solidez Fiscal.


Um dado surpreendente deve despertar nossa reflexão: de 2016 para 2017, enquanto o Amazonas caiu da 17a. para 22a. posição, Rondônia subiu da 22a. para a 17a.

A surpresa se dá pelo fato de que no ano de 2016 o Amazonas empenhou do seu orçamento mais do que o dobro do empenhado em Rondônia: 14,9 bilhões (AM) contra 6,4 bilhões (RO), valores que, ainda que considerados per capita, são maiores no Amazonas.
Como pode ser razoável que um Estado com o orçamento maior caia tanto no ranking de competitividade e o de orçamento menor suba na mesma proporção? Qual a explicação pra isso?
Óbvio que ficarei longe de uma resposta absoluta, mas contento-me em promover algumas reflexões, a partir da análise da posição do Amazonas em cada um dos 10 pilares.

Destaco a posição do Amazonas e 5 dos 10 pilares analisados:
1. Somos o 26o de 27 Estados em INFRAESTRUTURA, falta-nos estradas, portos, aeroportos no interior, energia e telecomunicações, infraestutura essencial para qualquer atividade produtiva;

2. fruto de uma absurda injustiça social e alarmante concentração de renda, somos o 25o em SUSTENTABILIDADE SOCIAL;

3. decorrente ainda da concentração de renda somos apenas o 20o em POTENCIAL DE MERCADO, mesmo tendo a 13p maior população entre os Estados;

4. apesar de um orçamento bilionário do setor ocupamos a 22o posição em EDUCAÇÃO; e, por outro lado,

5. nossa melhor posição no ranking é o 8o lugar em POTENCIAL HUMANO, mostrando a força de superação da nossa gente.

Há um outro aspecto que chamo a reflexão.
Um medo de tornar o Amazonas competitivo e com ambiente pró-negocio de quem se vale desse ambiente hostil para monopolizar mercado, evitar concorrência ou acomodar-se com as obras, serviços e produtos vendidos ao Poder Público.

Quanto menos ambiente competitivo, menos competição e mais facilidade pra quem lucra sem precisar ser moderno ou eficiente, simplesmente porque não tem que se preocupar em competir.

Essa mentalidade de setores da nossa economia trama contra novos negócios que possam significar concorrência e reprime pequenos e médios empreendedores que sem eficiência não conseguem sobreviver. Nada melhor pra quem pensa assim que hostilizar novos negócios com um ambiente pouco competitivo.

O desafio de transformar o Amazonas em um Estado Pró-negócios e que retome um viés de crescimento sustentável parece cada vez mais distante, mas é preciso resistir.

Marcelo Ramos, advogado, professor e escritor.