14 de março de 2018

Vereadora e Defensora dos Direitos Humanos do PSOL é assassinada no Rio. E PSOL entra com ação no STF para anular Intervenção

Rio - A vereadora Marielle Franco (Psol) foi assassinada a tiros, na noite desta quarta-feira, no Estácio, Centro do Rio.
O motorista, que guiava o carro, também foi morto. Ele ainda não foi identificado. De acordo com as primeiras informações, Marielle voltava de um evento na Rua dos Inválidos, na Lapa, quando um carro parou ao lado do veículo de seu motorista na Rua Joaquim Palhares, próximo ao metrô, e dois bandidos dispararam, fugindo em seguida. O veículo ficou com diversas marcas de tiro na lateral.

Uma terceira pessoa, ainda não identificada, também foi baleada no local. PMs do 4º BPM (Praça da Harmonia) e Bombeiros foram acionados e a via foi interditada. A Delegacia de Homicídios (DH) faz a perícia.

"É muito chocante, é muito violento. Ela lutava pela paz e pela Justiça. Tudo indica que não foi assalto. É tudo muito precário e chocante. Em um momento que o Rio está sob intervenção, uma pessa da importância da Marielle sobre esse tipo de violência e barbárie. Vou pedir uma apuração rigorosa, pois isso não pode ficar no rol dos 90% dos crimes que não são esclarecidos. Ela fazia parte da Comissão da Câmara que fiscalizava a intervenção. Não quero ser leviano, mas isso tem que ser apurado com celeridade. É imprescindível", disse o deputado federal Chico Alencar. "Infelizmente, ela estava incomodando muito", disse uma liderança do Psol, que pediu pra não ser identificada.

"Ela estava muito alegre e animada. Eu ainda bati um papo com ela. Estou surpreso por tudo que aconteceu", disse o vereador Paulo Pinheiro.
Marielle nasceu no Complexo da Maré, era socióloga e foi eleita Vereadora da Câmara do Rio com 46.502 votos. Se formou pela PUC-Rio e fez mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado do deputado Marcelo Freixo. Ela decidiu pela militância em direitos humanos após ingressar no pré-vestibular comunitário e perder uma amiga, vítima de bala perdida, num tiroteio entre policiais e traficantes na Maré.
No domingo, Marielle denunciou uma ação de PMs do 41º BPM (Irajá) na Favela de Acari. Segundo ela, moradores reclamaram da truculência dos policiais durante a abordagem a moradores. Ela compartilhou uma publicação em que comenta que os rapazes foram jogados em um valão. De acordo com moradores, no último sábado, os PMs invadiram casas, fotografaram suas identidades e aterrorizaram populares no entorno.

"Precisamos gritar para que todos saibam o está acontecendo em Acari nesse momento. O 41° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari. Nessa semana dois jovens foram mortos e jogados em um valão. Hoje a polícia andou pelas ruas ameaçando os moradores. Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior", escreveu Marielle.

PSOL entra com ação no STF contra intervenção no RJ e pede suspensão do decreto
PSOL protocolou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a intervenção federal de natureza militar no Rio de Janeiro. No pedido, o partido de oposição pede a concessão de medida cautelar suspendendo os efeitos do decreto de intervenção.
Passado quase um mês da edição do decreto, o líder da bancada na Casa, deputado Ivan Valente (SP), concluiu que a intervenção foi midiática, inconstitucional e sem planejamento. Valente lembrou que os conselhos da República e da Defesa Nacional também não foram ouvidos antes da decisão presidencial de intervenção. 

O partido alega que os direitos individuais dos cidadãos estão comprometidos e que ações já implementadas no Rio demonstram isso. "É mais violência sobre a população pobre, negra e excluída do País", avaliou a legenda.