BRASIL - O
diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, falou pela primeira vez
desde que assumiu o cargo, há cinco meses. Em entrevista ao jornal “O Estado de
S. Paulo”, Galloro revelou detalhes das negociações para fazer com que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com mandado de prisão expedido, se
entregasse e fosse levado a Curitiba, em abril.
“Foi um dos piores dias da
minha vida”, descreveu o número 1 da Polícia Federal.
Segundo Galloro, trinta
homens do Comando de Operações Táticas, a tropa de elite da PF, estavam a
postos para invadir o Sindicato dos Metalúrgicos, onde Lula se refugiou nos
últimos dias antes de ser preso. O líder petista deu trabalho aos negociadores
– resistia a se entregar. “Acabou. Se não sair em meia hora, vamos entrar”, sentenciou
Galloro que, em seguida, ordenou que os policiais invadissem o prédio no fim do
prazo estipulado. Lula saiu.
“Nós não queríamos
atrito, nenhuma falha. Chegou o sábado, Moro exigiu que a gente cumprisse logo
o mandado”, relembrou.
Questionado se houve
alguma exigência, Galloro afirmou que pediram que não houvesse muita exposição,
que “não humilhasse o ex-presidente”. “Nós usamos tudo descaracterizado. Ele
estava quieto o tempo todo, bastante concentrado”.
O número 1 da PF também
disse que não agrada o fato de o ex-presidente estar preso na superintendência
da PF em Curitiba. “É uma situação excepcional. O juiz Moro me ligou, pediu
nosso apoio, ele sabe que não temos interesse nisso. Mas, em prol do bom
relacionamento, nós cedemos”.
Sobre as reuniões que
Lula tem feito dentro da superintendência para discutir a eleição presidencial,
Galloro diz que quem define as regas não é a Polícia Federal, mas o juiz da
Vara de Execuções Penais. “O Lula está lá de visita, de favor”.
PT reage
Em nota, o partido
criticou a entrevista do diretor-gera da PF, classificando-a como “abuso de
autoridade” e “violência jurídica”. “A ilegalidade da prisão de Lula e da
revogação do habeas corpus concedido a ele naquele domingo (8 de julho) já
haviam sido denunciadas pela comunidade jurídica. mas é ainda mais escandalosa
a desfaçatez de agentes do Judiciário e da Polícia Federal, ao expor em público
sua conduta ilegal e as razões políticas que os moveram”, afirma o documento.