O ex-ministro Pedro Paulo Leoni Ramos, alvo da Operação Lava Jato,
transportou propina do esquema de corrupção da Petrobras em mochilas e sacolas
cheias de dinheiro vivo, segundo o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, que
virou delator.
Pessoa disse em sua
delação premiada que os pagamentos eram feitos pessoalmente por ele na sede de
sua empresa, em São Paulo.
Secretário de assuntos
estratégicos do governo Fernando Collor (1900-1992), Leoni é apontado por
delatores como o elo entre o ex-presidente (hoje senador pelo PTB-AL) e o
esquema.
O relato dos pagamentos
foi feito pelo próprio Pessoa em trecho de seu acordo de delação com o
Ministério Público, ao qual a Folha teve acesso.
Apontado como chefe do
clube de empreiteiras que desviou verba da estatal, Pessoa detalhou o esquema
da propina, passando por uma empresa que comercializa camarotes para corridas
de Stock Car, a Rock Star Entertainment.
A operação funcionava da
seguinte forma: a UTC fechava contratos fictícios com a Rock Star e com a SM
Terraplanagem, e simulava contratos de advocacia com o escritório de Roberto
Trombeta.
Segundo Pessoa, a
dinâmica foi criada para maquiar os repasses ao grupo de Collor.
O empresário disse que
pagou R$ 20 milhões em propina para fechar contratos na BR Distribuidora,
subsidiária da Petrobras, e que parte disso seria destinado ao senador.
Pessoa afirmou ainda que
aceitou pagar os recursos porque teve conhecimento de que o então diretor de
operações e logística José Zonis seria afilhado político do senador.
Outro delator do
esquema, Rafael Angulo, braço direito do doleiro Alberto Youssef, também
afirmou em seu acordo de colaboração premiada que entregou recursos
pessoalmente a Collor e a Leoni.
Angulo disse que foi
orientado por Youssef a levar R$ 60 mil pessoalmente ao senador, em seu
apartamento em São Paulo, como mostrou o “Jornal Nacional”, da TV Globo.
No encontro de cerca de
20 minutos, Collor trancou a sala, levou-o para outra antessala e questionou
sobre a visita. Ele explicou que desejava entregar um “documento” e questionou
se Collor sabia quantas páginas tinha.
Angulo reproduziu o
seguinte diálogo: “o senhor que está vindo, o senhor que deve saber”, teria
dito Collor de maneira séria.
“Eu trouxe 60, o senhor
sabe”, respondeu. “Sei”, concluiu o senador.
Ele disse ter entregado
envelopes ao ex-presidente, que não contou. Ao ser conduzido para a saída,
Angulo disparou: “O senhor é diferente, pessoalmente, do que parece na
televisão”. A declaração teria arrancado um sorriso forçado do ex-presidente,
encerrando o encontro.
Fonte - quidnovi