Aonde está o dinheiro do Fundo Nacional de
Desenvolvimento em Educação (FNDE)?
MANAUS - Moradores do conjunto residencial Viver Melhor, na Zona Norte,
solicitam à Prefeitura de Manaus mais escolas na região para dar conta da
demanda de estudantes. Segundo eles, o município chegou a prometer, em 2014,
a construção de seis unidades entre creches, Centro Municipais de Educação
(Cmeis) e Escolas Municipais (Emef) até o primeiro semestre deste ano, mas
nenhuma saiu do papel até hoje.
O líder
comunitário Renato Castro, 38, afirma que mais de três mil crianças, entre
quatro e 10 anos, estão sofrendo pela falta de unidades escolares próximas
e são obrigadas a estudar em bairros distantes. “Muitos desses alunos estão
estudando na BR-174, próximo aos presídios, porque aqui no bairro não tem vagas
suficientes. Elas são obrigadas a acordar muito cedo e pegar a rota
escolar para chegar nas unidades. Mas tudo o que a gente queria era que
eles estudassem perto de casa”, explicou ele. A comunidade reuniu mais 550
assinaturas de mães pedindo mais unidades e as entregaram à
Secretaria Municipal de Educação (Semed).
A pequena Eloíza Batista Queiroz, 10,
precisa acordar todos os dias às 5h para não perder a aula. “"Eu
estudo na estrada e todos os dias o ônibus vai muito lotado porque são muitos
alunos indo para lá. Às vezes fico com medo porque os ônibus estão velhos”, relata a
menina que cursa a 5ª série.
A mãe dela,
Ione Batista Sobral, 47, lamenta o sacrifício e se diz decepcionada por não ter
conseguido uma vaga para filha perto de casa. “É o segundo ano que
ela vai para a estrada porque aqui não tem vaga. É muito sacrifício
para conseguirmos. Fico decepcionada porque a gente paga impostos e tudo
o que eu queria era que ela estudasse perto de casa, para eu ficar mais
tranquila. Faltam muitas coisas aqui no residencial”, ressaltou a dona de
casa.
Para
Marlúcia dos Santos Monteiro, 39, falta interesse do poder público em resolver
o déficit de escolas. Apesar do problema, ela destacou que tanto o
Estado quanto o município fornecem condução para os alunos que precisam sair do
bairro, mas alega que só o transporte não é suficiente. “"Uma
das minhas filhas estuda no Santa Etelvina e é muito longe daqui. Eu
também queria que ela estudasse perto de casa porque assim o transporte também
seria mais simples”, comentou.
Promessa
O
ex-secretário Municipal de Educação, Humberto Michilles, chegou a anunciar a
construção de seis unidades escolares no residencial Viver Melhor, sendo três
creches, dois Cmeis e uma Emef, que beneficiariam cerca de 8 mil famílias que
moram no conjunto. Na época, a previsão de entrega era para o primeiro
semestre de 2015, no entanto, de acordo com os moradores, os espaços continuam
abandonados.
Uma das
unidades seria construída na estrada de acesso ao conjunto, mas apenas a placa
indicando a construção de um Cmei, uma escola municipal e uma quadra
poliesportiva, está sinalizando a área tomada pelo mato.
De acordo
com a Semed, os processos para a construção das unidades, que contam com
recursos do Fundo Nacional de
Desenvolvimento em Educação (FNDE), estão sendo acompanhados pela
Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), que por sua vez informou que
os projetos foram concluídos, mas só vão entrar no orçamento de 2016.
Além das
escolas municipais, atualmente o residencial conta com a construção de uma
escola-padrão, modelo Centro de Educação de Tempo Integral. De acordo com a
Secretaria de Estado de Educação (Seduc), a previsão de entrega do prédio é
para o segundo semestre de ano, mas a data específica não foi definida.
Além dessa unidade, a Escola Estadual Eliana Socorro Pacheco
Braga, que atende o conjunto, está sendo ampliada com a construção de seis
novas salas de aula e uma quadra poliesportiva. A obra está orçada em R$ 2,8
milhões e deve ser concluída até o fim do ano.
Fonte: Acritica