A oposição reagiu ontem às declarações da presidente Dilma Rousseff, que
classificou como golpista o debate sobre a sua saída do cargo antes de 2018. O
tom da oposição foi de que a petista assumiu um discurso de vítimização, que é
o PT que tenta dar o golpe no País ao barrar as investigações sobre
irregularidades no seu governo e na sua campanha e que ela deve se preocupar
mais com os aliados que também disseminam a ideia de retirar-lhe do
cargo.
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves
(MG), comandou a reação. Logo no início da tarde, divulgou uma nota em que diz
que afirmou que o discurso do golpe assumido por Dilma e outros petistas é uma
estratégia para “constranger” e “inibir” a ação das instituições, como o TCU,
responsável pela análise das contas de governo, e o Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), que investiga as contas de campanha de Dilma.
“Tudo que contraria o PT, e os interesses do
PT, é golpe! Na verdade o discurso golpista é o do PT, que não reconhece os
instrumentos de fiscalização e de representação da sociedade em uma democracia.
O discurso golpista do PT tem claramente o objetivo de constranger e inibir
instituições legítimas, que cumprem plenamente seu papel”,
disse em nota o tucano.
A reação ocorreu em razão das falas de Dilma
publicadas ontem pela imprensa. Conforme revelou o jornal “O Estado de S.
Paulo”, Dilma disse que defenderá seu mandato “com unhas e dentes” e
classificou como “golpistas” as articulações para retirá-la do cargo. Em
entrevista à “Folha de S. Paulo”, ela disse que as previsões de que não termina
seu mandato partem “do ponto de vista de uma oposição um tanto quanto golpista”
e que não deixará o cargo. “”Eu não vou cair. Eu não vou. Eu não vou. Isso é
moleza. Isso é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Eu
não estou”, declarou.
Depois da nota, Aécio disse que a petista
deveria se preocupar mais com as movimentações dos seus aliados do que com a
oposição “Deixo aqui para ela (Dilma) uma sugestão: se ocupe cada vez menos da
oposição e se preocupe mais com seus aliados”, afirmou Aécio. Como mostrou o
jornal “O Estado de S. Paulo” no fim de semana, integrantes do PMDB procuraram
a cúpula tucana para sondar qual seria a receptividade do partido em relação a
um eventual governo do vice-presidente Michel Temer, na hipótese de Dilma ter
de deixar o cargo. Segundo o senador, o PT tem “sorte” de o PSDB estar na
oposição e conduzir esse processo com “absoluta responsabilidade”. Mais tarde,
no plenário do Senado, Aécio defendeu que, se Dilma não conseguir cumprir os
quatro anos de mandato, é porque ela burlou a lei, e não por conta de um desejo
da oposição.
O presidente nacional do DEM, senador
Agripino Maia, fez declarações na mesma linha. Ele defendeu que Dilma tem de
provar a sua inocência em relação às acusações e não se fazer de vítima “A
presidente parece achar que a vitimologia será mais forte do que os argumentos
jurídicos contidos nas ações que ela terá que enfrentar no TCU e no TSE”,
disse.
TCU
O Ministério Público de Contas, que atua
junto ao TCU, criticou ontem o ministro Augusto Nardes, relator das contas do
governo em 2014, por agir de forma “equivocada” ao selecionar questionamentos
sobre manobras fiscais a serem enviados à presidente Dilma Rousseff. Num
requerimento encaminhado ao ministro, o procurador Júlio Marcelo de Oliveira
reclama que o relator não incluiu, em documento entregue a Dilma no último dia
22, as falhas apontadas pelo MP nos balanços apresentados pela União. Com isso,
essas questões foram excluídas do pedido de “contraditório” da presidente e não
poderiam ser tratadas numa futura
decisão do plenário.
O TCU aponta distorções de R$ 281 bilhões nas
contas de Dilma, referentes a 2014. Diante da possibilidade de que, pela
primeira vez, a corte dê parecer pela rejeição dessas contas, os ministros
decidiram dar 30 dias para que a presidente apresente sua defesa. O prazo
termina no dia 22 deste mês. No aviso enviado pelo tribunal, constam 13
irregularidades, sobre as quais o Planalto terá de se explicar.
Outros problemas, levantados pelo MP de
Contas numa petição aos gabinetes da corte não foram contemplados nos
questionamentos remetidos a Dilma. Nardes optou por enviá-los ao ministro-chefe
da Advocacia-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams.
Fonte: Oliberal