A segunda prisão do ex-ministro José Dirceu, apontado agora como o criador do esquema de
corrupção na Petrobras, inaugura uma nova era da Operação Lava Jato. O
caso, que passou do “atacado para o varejo”, como citou na última semana o
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio, deixou o mensalão –
motivo da primeira prisão de Dirceu – bilhões de reais atrás do maior escândalo
de corrupção do país. Desde a primeira fase, em março do ano passado, a
Lava Jato seguiu um curso próprio. Começou pelos doleiros, alvos das
investigações iniciais da Polícia Federal (PF) sobre lavagem de dinheiro.
Depois, passou pelos diretores da Petrobras que
receberam propinas para manter o esquema na estatal, chegando, posteriormente,
aos empresários que formavam o “clube” de empreiteiras para concorrer a
licitações de obras.
Com o acúmulo de provas e depoimentos de 28 delatores, a operação
encostou no núcleo político do esquema – a maioria investigada no STF. Quase um
ano e meio depois da primeira fase da Lava Jato, a PF e o Ministério Público
Federal (MPF) acreditam, finalmente, terem chegado no primeiro mentor do
esquema, que seguiria o mesmo rumo do motivo da primeira prisão de Dirceu.
A diferença está nos números: enquanto
o mensalão teria envolvido R$ 101,6 milhões, o
“petrolão” já está em R$ 6,194 bilhões. A expectativa dos investigadores é
formar a ligação entre os dois esquemas, contando com a colaboração de Dirceu.
Segundo o advogado dele, porém, “o Zé morre na cadeia, mas não faz uma
delação”.