Michel Temer (PMDB) o próximo presidente,
reconheceu nesta quarta-feira (5) que o país enfrenta uma grave crise política
e econômica e fez um apelo para que o Congresso ajude a unificar o país.
Visivelmente preocupado, Temer afirmou que
será preciso ter o apoio de todos os brasileiros e chamou o Congresso para
enfrentar o atual cenário.
“Estamos pleiteando
exata e precisamente que todos se dediquem a resolver o problema do país. Não
vamos ignorar que a situação é razoavelmente grave. Não tenho dúvida que é
grave”, disse Temer. “É grave porque há uma crise política se ensaiando. Há uma
crise econômica que está precisando ser ajustada. Mas, para tanto, é preciso
contar com o Congresso Nacional. É preciso contar com os vários setores da
sociedade brasileira.”
O pedido do vice-presidente ocorre diante de
um início de segundo semestre conturbado para o governo: dificuldades para
aprovar os projetos do ajuste econômico, possibilidade de o Congresso aprovar
as chamadas “pautas-bomba” (que aumentam os gastos públicos), discussão do
impeachment na Câmara, manifestações marcadas para o próximo dia 16 contra
Dilma e risco de o Planalto ter as contas do ano de 2014 rejeitadas pelo
Tribunal de Contas da União (TCU) devido às pedaladas fiscais.
“Vocês sabem que ao
longo do tempo nós tivemos sucesso na articulação política, mas hoje, quando
exatamente se inaugura o segundo semestre, agrava-se uma possível crise”, disse
Temer.
Com o rompimento do
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o governo e as frequentes
derrotas impostas ao Planalto no Congresso, e agora com o chute na bunda do PDT
e PTB, Temer afirmou que a situação é preocupante tanto na Câmara quanto no
Senado, mas que só as Casas podem unir o país. “Há uma certa preocupação, não
posso negar isso. Daí a razão desta espécie de convocação no sentido de que
todos trabalhemos juntos. Não há como trabalhar separadamente porque a
separação envolve prejuízos para o país”, disse Temer . “Eu tenho pregado, com
frequência, vocês sabem, a ideia da tranquilidade, da moderação, da harmonia.
Especialmente da harmonia entre os órgãos do Poder. E hoje, mais do que nunca,
se faz necessária essa harmonia que nós tanto temos alardeado.”
O vice-presidente ainda
demonstrou preocupação com a repercussão da crise que o país enfrenta no
exterior. “Nós temos que ter uma atuação aqui no Brasil que repercuta
positivamente no exterior. E se nós não tomarmos cuidado nossa atuação no
Brasil, pode repercutir negativamente no exterior.”
Desde segunda-feira, o
vice vem se reunindo com a base aliada do governo para tentar uma reaproximação
com o Congresso. Em um dos encontros, Temer pediu para que os ministros atendam
mais às demandas dos deputados.
Ronaldo Aleixo