4 de agosto de 2015

“Pixuleco” o novo pesadelo de Dilma e Lula – impeachment pertinho

BRASIL - Batizada de “Pixuleco”, nome dado pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto ao dinheiro cobrado de empreiteiras que tinham contratos com a Petrobras, a operação minou o ânimo dos petistas e incendeou a oposição. O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire, falou abertamente em “necessidade de novo governo” e abertura do processo de impeachment contra Dilma Rousseff.
Relator da CPI dos Correios, que investigou o mensalão e pautou o julgamento que levou à condenação do ex-ministro José Dirceu, em 2012, Osmar Serraglio (PMDB-PR) defendeu uma alternativa de “concertação” entre vários partidos para “salvar o país”. “Estamos numa situação comparável a um pós-guerra”, disse o peemedebista.
Em outra ponta, o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), e o do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), convergiram sobre o encurralamento do ex-presidente Lula. “Falta pouco para a investigação chegar a Lula”, avaliou o goiano. Para Bueno, as declarações dos investigadores de que os desvios na Petrobras tiveram José Dirceu como um de seus “criadores” (entre 2003 e 2005) remetem a origem do escândalo ao ex-presidente. “E não tem mais como dizer que não sabia, como fez no mensalão, que a população não vai engolir”, afirmou.
Acuado, o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), desqualificou a operação e voltou a falar sobre “perseguição ao PT”. Machado atacou o juiz federal Sergio Moro, que estaria trabalhando “com base em suposições” e para “institucionalizar um golpe”. Nas redes sociais, o filho do ex-ministro e deputado federal, Zeca Dirceu (PT-PR), escreveu que há uma “demonstração clara da ausência de imparcialidade” devido ao fato de investigados e citados na Lava Jato do PSDB e de outros partidos não estarem presos.

A operação, na prática, cercou a ala do PT no Congresso mais ligada a Lula. Até agora, esses parlamentares viam o ex-presidente como um “plano B” para um possível colapso da gestão Dilma. Se ele for atingido pela Lava Jato, não restam soluções a curto prazo, nem para 2018.
Do lado “dilmista” (minoritário em relação aos “lulistas”), a estratégia é tentar blindar a presidente. Durante o julgamento do mensalão, Dilma manteve-se afastada dos posicionamentos do partido favoráveis aos ex-dirigentes condenados pelo STF – como Dirceu e José Genoino. Líder do governo na Câmara e vice-presidente nacional do PT, José Guimarães (CE) foi mais moderado que Sibá Machado e disse que a “Lava Jato não pode paralisar o país”. Na mesma linha, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, disse que o Brasil precisa se acostumar a viver entre dois canais, mas seguir adiante – um deles é o das investigações, o outro do funcionamento das empresas e da economia.
A tese do “olhar para o futuro” também deve pautar o discurso de Dilma durante o horário eleitoral do PT na quinta-feira. Nos planos dela, a ideia era conseguir uma aparição menos sujeita aos panelaços que foram comuns ao longo do primeiro semestre.

Ronaldo Aleixo - Adm Chumbo Grosso