BRASIL - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), disse que seu encontro na
tarde desta terça com a presidente Dilma Rousseff foi
uma conversa institucional, e indica a retomada do diálogo sobre a situação
econômica do país. No encontro, o principal assunto foi a peça
orçamentária de 2016 encaminhada na segunda-feira pelo
governo.
Embora
tenha dito que se manterá rompido com o
governo, o peemedebista afirmou que está disposto a ajudar na
questão do Orçamento do próximo ano, mas que o governo não pode jogar a
responsabilidade sobre o Congresso.
Em discurso na ONU, Cunha diz que "democracia sem
povo é como jardim sem flor"
Segundo o
presidente da Casa, Dilma pediu apoio para as medidas de solução estrutural
para o processo. Ainda de acordo com ele, a presidente não falou em aumentar
impostos. Ele concordou que a solução seria o aumento da arrecadação, mas
avaliou que sinais positivos seriam capazes de recuperar a confiança e o
investimento, levando assim a melhora do cenário.
Cunha contou
que a grande preocupação é com o aumento de despesa pública por projetos que
possam ser aprovados e que tenham impacto orçamentário.
Após reunião com Dilma, Cunha deixa Planalto sem falar com
a imprensa
— Obviamente
ela demonstrou esta preocupação. Da minha parte, mostrei a ela que o déficit
não é o principal problema. O principal problema é não aumentar a dívida bruta
do país. Porque você só vai financiar o déficit aumentando a dívida. Se você
controlar a dívida, você tem uma sinalização positiva, que anula o problema do
déficit — avaliou.
— Este ano, a
taxa de juros subiu 4,5 pontos percentuais. Isso significa no ano que vem R$ 90
bilhões no Orçamento. Este ponto que tem que ser debatido. Na medida que a
inflação vai cair, é normal que os juros caiam também. Consequentemente, com a
queda de juros, ela vai ter uma diminuição da dívida bruta — completou. Cunha sugeriu
a Dilma que o governo precisa sinalizar ao mercado que a dívida bruta não vai
aumentar. Ele também apontou que a piora do cenário se deve à perda da
confiança na economia como um todo, seja investidor ou consumidor, e que é
preciso retomar essa confiança.
O peemedebista
discordou da oposição sobre a devolução da peça orçamentária.
— Não acho que
porque se propôs um déficit o orçamento tem de ser devolvido. O governo precisa
sinalizar que a dívida pública não vai aumentar — destacou.
Aos
jornalistas, Cunha defendeu o corte de despesas do governo e disse que a
medida, por menor que seja, é importante pelo simbolismo.
— Continuo
mantendo que o governo tem que fazer a sua parte, nem que seja simbólico. Corte
de ministérios é simbólico. Tem que mostrar para a sociedade que todos estão
imbuídos do espírito do sacrifício. Não é só a população pagando mais impostos
em alguns casos como querem colocar para a população. Isso eu sou contra.
Também isso não se falou, mas somos contra aumento de impostos. A melhor
sinalização que você tem é, primeiro, temos que recuperar a confiança.
Recuperando a confiança, você pode recuperar os níveis de arrecadação —
afirmou.
Cunha contou
que deixou claro à presidente que tem uma visão diferente da equipe econômica e
citou como exemplo a questão do superávit primário.
— Superávit com adiamento de
pagamentos é fingir que se faz superávit — comentou.