Em discurso
a empresários, o vice-presidente da República, condenou publicamente a
iniciativa esboçada pelo governo de recriar a CPMF. Ele afirmou que o país “não
suporta mais” o aumento da carga tributária e disse que o caminho mais desejado
pela sociedade é o corte de gastos na máquina pública.
Temer disse que qualquer
medida para melhorar as contas do governo precisa ser amplamente debatida com a
sociedade, e que não se deve propor tributos (CPMF) “de última hora”.
Porém, a presidente Dilma Rousseff desistiu da medida, diante
da repercussão negativa à proposta. “O que a sociedade não aplaude é o retorno
repentino de um tributo, como ocorreu com a CPMF”, avaliou Temer nesta manhã.
Após a fala, o
vice foi aplaudido e disse que levaria o gesto de aprovação aos ministros da
Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson
Barbosa. Temer falou sobre o assunto ao participar de um evento promovido pela
revistaExame, em São Paulo.
O vice fez questão
de pontuar que recebeu um telefonema da presidente Dilma Rousseff na segunda-feira passada (24) para tratar do assunto
e que a informou que um projeto de recriação do tributo resultaria numa
“derrota fragorosa” para o governo no Congresso Nacional. “E a essa altura do
campeonato não podemos nos dar ao luxo de uma derrota fragorosa”, afirmou. Ele
disse ter feito a “ponderação” à presidente de que esse tipo de iniciativa
requer uma “preparação do ambiente” político, em mais uma sinalização de que
considerou a condução do assunto desastrada.
União nacional
O vice voltou a fazer um apelo pela união nacional
e disse que houve uma “interpretação equivocada” de sua primeira fala nesse
sentido. No início do mês Temer convocou a imprensa e disse que “alguém”
precisava reunificar o país. A fala foi vista por petistas próximos à
presidente como um sinal de conspiração do vice. O resultado final desse
ambiente de desconfiança foi a saída de Temer do cargo de articulador político
do governo.
Nesta segunda, vice falou em detalhes sobre o
episódio e afirmou aos empresários que só tomou a atitude porque constatou que
o governo sofreria derrotas no Congresso e que julgou necessário que alguém
abrisse ao país a “gravidade da crise”. Ele pontuou ainda que, até aquele
momento, ninguém havia adotado a postura que julgava necessária.
O vice-presidente falou
que é preciso colocar o país como um valor acima do governo, para chamar as
oposições e a base aliada a um entendimento para tirar o país da crise. Ele
chegou a dizer que “não adianta agir de cima para baixo”. “Em alguns momentos é
preciso que as coisas venham de baixo para cima”.
O peemedebista ressaltou
que o governo precisa ouvir a sociedade e repactuar suas bases políticas. “Se
não houver apoio político, não se consegue governar”, afirmou para, em seguida,
emendar: “E não basta o apoio político. Tem que ter o apoio dos setores
sociais”. A presidente Dilma tem hoje a pior avaliação de um governante desde a
redemocratização. Segundo a última pesquisa Datafolha, 71% da população considera
o governo ruim ou péssimo. Apenas 8% aprovam a gestão da petista.
Orçamento
Sem a receita esperada com a volta da CPMF, o
governo decidiu neste domingo (30) encaminhar ao Congresso sua proposta
de Orçamento da União de 2016 com uma previsão de deficit primário. Sem os
recursos do tributo, o governo optou por enviar um “orçamento realista e
transparente”, sem receitas garantidas e que poderiam não vingar.
O governo optou por
deixar explícito que não terá como economizar o suficiente para pagar os juros da
dívida pública e será obrigado a se endividar ainda mais para bancar suas
despesas no próximo ano.
Em vez de um superávit
primário de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto) para todo setor público, sendo
0,55% apenas do Executivo federal, o governo vai reconhecer que fechará 2016
com um deficit.
Por: Ronaldo Aleixo