2 de setembro de 2015

Por Marcelo Ramos - Eu sempre procuro ler e ouvir o que as pessoas pensam sobre os caminhos que tenho tomado na política.

Leio os que confiam em mim e depositam suas esperanças na possibilidade de uma mudança e uma renovação na política. Leio também os que entendem que essa renovação deve ser fruto de uma transição construída com os políticos tradicionais. Leio até aqueles que têm compromisso com o passado, por crença pessoal ou por interesse, e, por isso, são duros críticos da minha conduta.
A política não é só a nossa vontade. A política são conjunturas, conveniências, capacidade de composições, flexibilização de princípios. E eu realmente não sou bom nisso.
Não me acho melhor que ninguém, pelo contrário, acho que sou pior por uma mania antiga de não transigir com certas cosias o que certamente tem um quê de arrogância e de intolerância. Pago todos os preços das minhas escolhas e das minhas intransigências. Preços altos. Políticos, pessoais e familiares.

O que as pessoas que me julgam, para o bem ou para o mal, não sabem é que nem só de política vive o político. Há uma homem responsável pela sua casa e suas contas, há um pai de família que procura cuidar da melhor forma dos seus, há um trabalhador com seus compromissos e responsabilidades.
Sem mandato eu não posso viver só de política. Sem mandato e sem me dobrar aos interesses dos que governam eu preciso me virar para manter a minha vida em ordem. Não é fácil.
Houve um tempo que eu podia me dedicar só a minha vida profissional e a minha família. Hoje não posso mais. As pessoas me cobram que interfira nos assuntos da política.

Eu estou cansando. Eu estou no meu limite. Manter a minha atividade política tem comprometido o bem-estar da minha família. Não é uma escolha fácil, mas preciso confessar que estou muito próximo de ter que fazer a escolha do que quero para a minha vida. A instabilidade de uma vida pública ou a retomada da estabilidade da minha vida profissional e familiar.
As cobranças são muitas. Mas no dia-dia eu estou só. Só para enfrentar os meus conflitos, só para manter a minha família, só para escrever o meu destino.
Voltar a dar aulas tem me feito bem, voltar a uma vida de advogado militante vai se tornando uma imposição e essas coisas certamente acabarão me afastando da politica-partidaria-eleitoral.

Só peço a Deus que pegue na minha mão e realize o seu projeto na minha vida.


Marcelo Ramos – Advogado e Ex-Deputado-Am