28 de janeiro de 2016

De derrotado para Vereador a Deputado Federal, e de 21 mil a 250 mil votos em 4 anos. O santo do prefeito é forte.

Por Cliferthon Lucas
Não sei qual o santo opera esse milagre, mas de uma coisa eu sei: se meu pai virar prefeito de Manaus, tenho grandes chances de ser eleito deputado federal pelo Amazonas. A cidade-estado, detentora de mais de 90% da economia de nossa terra, e abrigando mais de dois milhões de habitantes, mostra toda a sua força em época de eleição.
Os dados coletados junto ao site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não deixam dúvidas quanto a possível ascensão política da prole do prefeito de momento. Vamos aos números do filho do ex-prefeito e atual deputado estadual, Serafim Corrêa (PSB), para comprovar a nossa tese.
Marcelo Serafim disputou pela primeira vez uma eleição em 2000, quando obteve 1.674 votos. Não sendo eleito. Quatro anos depois, Marcelo recebeu 4.260 votos, na sua segunda tentativa de chegar a Câmara Municipal de Manaus. Novamente, uma votação que não lhe garantiu vaga na CMM. Mas se para o filho as coisas não foram boas, 2004 foi o ano da redenção para o pai. Com isso, dois anos depois, já em 2006, com o patriarca da família Corrêa sendo prefeito, Marcelo Serafim concorreu e conseguiu uma das oito vagas do Amazonas na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Sua votação impressionou pelos 92.241 votos. Mas o destino não seria bom para Serafim filho. O pai, até então prefeito da capital, perdeu a reeleição em 2008 e dois anos depois viu seu filho também ser rejeitado nas urnas. Marcelo Serafim só conseguiu 69.798 votos nas eleições de 2010. Insuficientes para seguir como deputado federal.
Em 2012, Serafim Corrêa tentou pela quinta vez ser prefeito, mas encontrou a sua quarta derrota. Como prêmio de consolação, viu o filho alcançar a confiança de 6.764 eleitores, o que lhe garantiu o atual cargo de vereador. Com um mandato assegurado, Marcelo Serafim concorreu ao Senado Federal em 2014. Alcançou 5,73% do eleitorado, o que correspondeu a 91.428 votos. Ficou em terceiro lugar.

ARTHUR BISNETO
O atual deputado federal pelo PSDB começou lá atrás. Sua estreia na política também foi nas eleições municipais de 2000. Bisneto foi eleito vereador com 5.789 votos. Seu pai foi decisivo para sua vitória, pois era deputado federal e ministro do Governo Federal. Nas eleições estaduais de 2002, Arthur Bisneto se elegeu deputado estadual com 12.144 votos. O pai foi eleito senador em uma das duas vagas que estava em disputa naquele pleito.

Tentando ganhar notoriedade, Bisneto é lançado pelo PSDB na corrida pela Prefeitura de Manaus em 2004. Chegou aos 3%, somando 25.001 votos. Mas uma derrapada na vida pessoal manchou a até então ascendente carreira política. Um desentendimento e muito disse me disse em uma cidade do Ceará, fizeram com que ele tivesse uma votação muito abaixo do esperado em 2006, ano em que iria disputar uma vaga para deputado federal.
O ninho tucano, ao ver que o estrago estava feito, decidiu tentar manter o mandato de deputado estadual. Bisneto saiu da eleição envergonhado. Ele não se reelegeu, ficando como primeiro suplente da coligação, com 14.067 votos. Mas na última hora, aquele santo que faz milagres poderosos, ajudou Bisneto e uma vaga surgiu para ele na legislatura que se iniciava. Arthur Neto, o pai, também foi um fracasso na sua candidatura ao governo Estado. Teve pouco mais de 4%.
Na eleição seguinte, em 2010, Bisneto e o PSDB privilegiam a reeleição do pai, Arthur Neto, que buscava ficar no Senado. Com isso, ele concorreu mais uma vez a uma vaga na Assembléia Legislativa do Estado. Sua votação melhorou e ele obteve o apoio de 21.256 eleitores. O pai, esmagado pela máquina, não conseguiu se reeleger e saiu da eleição acusando seus adversários de fraude e adotando a postura de vítima.
Arthur Neto concorreu a prefeito em 2012. Liderou do início ao fim a eleição e venceu com larga margem. Sempre na posição de quem foi roubado dois anos antes, na eleição ao Senado. É neste momento, meu querido leitor, que nossa tese se reforça mais ainda. Nas eleições de 2014, Arthur Bisneto teve a chance de recuperar os anos perdidos e recebeu o sinal positivo do pai prefeito para disputar a vaga de deputado federal. Saiu das urnas com uma montanha de mais de 250.916 votos.

As reflexões deixo para você. Mas de uma coisa nós já sabemos: o filho do prefeito pode virar deputado federal. Mesmo que tenha perdido para vereador ou tenha tido uma votação pífia quatro anos antes. O santo dos prefeitos é forte.