BRASIL da CORRUPÇÃO - O engenheiro Armando Dagre, sócio da Talento
Construtora, disse ao Ministério Público de São Paulo que “praticamente” refez
o tríplex 164-A, no condomínio Solaris, no Guarujá, no litoral de São Paulo –
imóvel que a Promotoria suspeita pertencer ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele
disse que não teve nenhum contato com Lula, mas com a ex-primeira-dama, Marisa Letícia.
Dagre
afirmou que, um dia, estava reunido com o representante da OAS no apartamento
“quando Marisa adentrou o apartamento com um rapaz e dois senhores” e que
depois soube que os acompanhantes da mulher de Lula eram um filho do casal,
Fábio Luiz, um engenheiro da OAS e o ex-presidente da empreiteira Léo Pinheiro –- condenado na Operação Lava Jato a 16 anos de prisão por
corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
“Em verdade tomou um susto quando vislumbrou a dona Marisa Letícia
ingressando no meio da reunião existente no interior do apartamento”, diz o
depoimento de Dagre. A reforma, contratada pela OAS, alvo da Operação Lava
Jato, custou R$ 777 mil, segundo Dagre. Os trabalhos foram realizados entre
abril e setembro de 2014.
O advogado Aloísio Lacerda Medeiros,
constituído por Dagre, confirmou que seu cliente estava no apartamento quando
Marisa, o filho Fábio e Léo Pinheiro chegaram. Segundo Medeiros, “nada foi
dito” sobre a quem pertenceria o imóvel.
Dagre disse que o contrato com a OAS para reforma do
tríplex incluiu novo acabamento, além de uma outra piscina, mudança da escada e
instalação de elevador privativo que custou R$ 62,5 mil. Ele disse que a
ex-primeira-dama “os cumprimentou”. “Ela estaria conhecendo o apartamento,
tendo, inclusive, ressaltado a vista (para o mar).”
As
informações sobre o depoimento de Armando Dagre foram divulgadas no Jornal
Nacional, da TV Globo.
Flores
A Promotoria também tomou o depoimento do zelador José Afonso Pinheiro, que trabalha no condomínio desde
2013. Questionado se Lula esteve no prédio, o funcionário confirmou. Segundo
ele, Lula chegava normalmente em dois carros com seguranças que “prendiam” o
elevador para a família, o que provocava reclamações de outros moradores.
O zelador
relatou que a OAS “limpava o prédio, colocava flores para receber a família do
ex-presidente”. Segundo ele, um funcionário da empreiteira lhe pediu que não
falasse que o apartamento era de Lula e da mulher, “mas da OAS”. Depois que as
investigações sobre o apartamento foram tornadas públicas a família de Lula não
retornou ao prédio, segundo o zelador.
Em 2006,
quando se reelegeu presidente, Lula declarou à Justiça eleitoral possuir uma
participação em cooperativa habitacional no valor de R$ 47 mil. A cooperativa é
a Bancoop que, com graves problemas de caixa, repassou o empreendimento à OAS.
A Polícia Federal e a Procuradoria da República suspeitam que a empreiteira
pagou propinas a agentes públicos em troca de contratos da Petrobras.
A investigação sobre o apartamento que seria de
Lula estão sendo realizadas pelo promotor de Justiça Cássio Conserino, do Ministério Público paulista. O
promotor diz ter indícios de que houve tentativa de esconder a identidade do
verdadeiro dono do tríplex, o que pode caracterizar crime de lavagem de
dinheiro.
Fisco
O advogado Cristiano Zanin Martins,
que representa o ex-presidente Lula, negou que o petista ou familiares dele
sejam os donos do tríplex. Ele relatou que a família comprou uma cota de um
projeto da Bancoop. A cota foi paga e declarada ao Imposto de Renda pelo
petista. O advogado disse que “não tem a menor ideia” de quem reformou o
imóvel.
Zanin
reiterou que o apartamento “não é do ex-presidente”. Esclareceu que Lula tinha
uma cota do projeto da Bancoop e, quando o empreendimento foi transferido para
outra empresa, tinha duas opções: pedir o resgate da cota ou utilizá-la para
compra do imóvel no condomínio Solaris. A família fez a opção pelo resgate.
Procurada pela reportagem, a OAS não se manifestou.
Fonte: gazeta do povo