4 de fevereiro de 2016

Virou Casaca - Líder Tucano Arthur Neto se manifesta contra o impeachment.

BRASIL - Se em Brasília tucanos e petistas não encontram espaço para o diálogo em busca de saídas para a crise econômica, fundadores de ambos os partidos deram mostra, nesta quarta-feira (3) em Manaus, de que ainda há possibilidade discussão de pautas em prol de interesses coletivos. Pelo menos foi o que se viu nos discursos do prefeito Artur Virgílio Neto (PSDB) e o ministro da Educação, Aloízio Mercadante (PT).
Os dois propuseram um pacto nacional, com foco na educação, para reerguer o País. A proposta surgiu durante um encontro do ministro com gestores locais no Centro de Convenções Vasco Vasquez, na Zona Oeste, nesta manhã.
Na ocasião, Artur se insurgiu contra o impeachment de Dilma Rousseff (PT), defendendo a discussão de uma pauta positiva, enquanto Mercadante teceu elogios ao prefeito, chamando-o de combativo, corajoso e independente. O tucano disse que o impeachment "é coisa miúda" e que "agora é hora das pessoas se unirem".  
“Se nós, brasileiros, não tomarmos algumas atitudes muito claras contra crise, que eu chamo de um pacto nacional, nós vamos terminar fazendo com que 2015, 2016 contaminem os anos de 2017, 2018. E aí, o Brasil teria que muito penosamente atravessar um período de recessão grave", disse Artur.
"Aproveito a presença do ministro para dizer que precisamos discutir uma pauta positiva e que resulte na união da sociedade. A alfabetização das crianças é uma dessas pautas nobres", defendeu o tucano.
"Temos muito o que fazer e temos eleição marcada para 2018, e lá que é a hora das pessoas se separarem, agora é hora das pessoas se unirem. O país não pode ficar sem rumo, ou ficar com preconceitos na hora de conversar com adversários. Entendo que é possível, muito bem, separar as coisas. Eleição é uma coisa, fora da eleição é outra coisa. De minha parte, o meu coração esta aberto para sair dessa coisa miúda que é o impeachment, enquanto a crise se agrava cada vez mais, portanto é a hora de darmos uma reviravolta nisso. Minha visão política eu deixo para a eleição de 2018. Sou a favor de um pacto nacional", completou o prefeito de Manaus.
Por sua vez, Aloízio Mercadante, ressaltou a atuação de Artur no Senado -  entre 2003 e 2010, mesmo período dos dois mandatos do ex-presidente Lula, quando foi o líder da oposição e crítico ferrenho do governo. Antes, no governo de Fernando Henrique Cardoso, foi deputado-federal e ministro chefe da Casa Civil.
"O Artur é um tucano de raiz. É um tucano combativo e foi uma voz corajosa e independente no Senado Federal, portanto, eu vejo com bons olhos esse gesto dele propor um pacto, propor uma agenda positiva de reforma para o País. Nós não precisamos ter acordo de mérito sobre todas as reformas, mas nós podemos ter uma convergência sobre a pauta e sair dessa polarização que só tem prejudicado", afirmou Mercadante.
"Ninguém ganha com esse cenário político eleitoral que o Brasil atravessa. Nós, homens públicos, já estamos ficando de cabelos brancos e já sabemos o que cada um pensa. Saio daqui esperançoso e trabalharei, por que sei quem muitas pessoas estão do nosso lado e querem pensar uma agenda de reforma. O Pacto pela Educação aqui hoje talvez seja um passo para um Pacto Nacional", defendeu.

Posturas
O prefeito de Manaus é o primeiro líder tucano de grande expressão a se manifestar claramente contra o impeachment. O comportamento destoa da postura adotada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2014 e um dos principais defensores da saída da presidente do cargo por meio do processo aberto na Câmara dos Deputados.
Não é a primeira vez que o prefeito se mostra contra o impeachment. Em entrevista para A Crítica no dia 3 de janeiro, o político afirmou que o processo de impedimento seria teria um custo muito alto. Antes, porém, o prefeito chegou a convocar manifestantes, em março de 2015, para um protesto contra Dilma.

Fonte: Acritica