BRASIL - Às
vésperas dos protestos que prometem tomar centenas de cidades contra a
presidente Dilma Rousseff neste domingo (13), os olhos da política nacional se
voltam para o Centro de Eventos Brasil 21, em Brasília, onde o PMDB realiza sua
convenção nacional neste sábado (12).
Para além da
definição dos nomes que ocuparão a executiva nacional do partido – objetivo
primário do evento –, o encontro da cúpula peemedebista gera expectativa devido
à possibilidade de uma definição sobre o futuro da legenda em relação ao
governo Dilma. Ao longo desta semana, foram realizadas diversas conversas e
movimentos indicando que o PMDB poderá desembarcar da base aliada.
Bandeira antiga do
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), a proposta de deixar o governo ganhou
força após a crise política no Planalto se agravar ainda mais nas últimas
semanas devido à prisão do marqueteiro João Santana, à delação do senador
Delcídio do Amaral (PT-MS) e à ação da Polícia Federal contra o líder petista
Luiz Inácio Lula da Silva.
Diante desses
episódios, diretores das sedes do PMDB no Rio Grande do Sul, Mato Grosso do
Sul, Santa Catarina e Paraná decidiram redigir juntos, em reunião na capital
gaúcha, um documento intitulado "Carta de Porto Alegre", no qual os
dirigentes cobram que o partido se afaste do governo federal.
"O PMDB
participa do governo, mas é meramente decorativo. Não somos ouvidos para nada.
O País está afundando e a gente vai ter que afundar junto?", critica o
deputado federal Osmar Terra, vice-presidente estadual do PMDB no Rio Grande do
Sul.
Além das denúncias
contra o governo, os argumentos do grupo na defesa pelo distanciamento do
Planalto passam pela situação econômica do Brasil e pela "condução
errática" e "desacreditada" da política do País.
Os peemedebistas
condenam ainda o "rendimento do governo ao jogo político pautado pela
pressão por cargos". Esse fenômeno, no entanto, passa justamente pelo
próprio PMDB, que detém atualmente seis ministérios, sendo três deles
considerados de primeiro escalão – Saúde, Minas e Energia e Agricultura.
A "Carta de
Porto Alegre" que será entregue durante a convenção deste sábado ao
presidente do partido, Michel Temer, defende que a legenda entregue as posições
no Executivo para descolar do governo.
"[Deixar o
governo] não é uma coisa simples, até pelo número de cargos, mas precisamos
entregá-los para ter um discurso livre", defende Terra.