BRASIL - A estatal de energia
virou um abacaxi para o governo com dívidas bilionárias. O novo ministro de
Minas e Energia tirou o domingo (15) para conversar com o setor. Qual foi o
resultado dessa conversa?
Os
representantes do setor elétrico saíram do encontro dizendo estar animados e
estimulados. O setor reclama de prejuízos acumulados ao longo dos anos. E a
Eletrobras ainda corre o risco de ter que antecipar o pagamento de dívidas
bilionárias.
A
reunião em pleno domingo (15) foi com nove associações de distribuidores,
investidores e produtores de energia. O novo ministro, que não tem experiência
no setor, quis se apresentar, conversar com o setor - que reclamou de falta de
soluções nos últimos anos.
Fernando
Coelho Filho tem 32 anos e está no terceiro mandato. Chegou ao governo por
indicação do PSB.
As
associações também alertaram para os problemas da Eletrobras. A empresa tem que
apresentar o balanço de 2014 e 2015 à SEC, o órgão regulador do mercado
americano.
Se
a Eletrobras não cumprir o prazo - que termina na quarta-feira (18) -, a
estatal corre o risco de ter que antecipar o pagamento de até R$ 40 bilhões em
dívidas, segundo o Ministério do Planejamento.
Há dificuldades para calcular prejuízos causados, por exemplo, por irregularidades
investigadas na Lava Jato.
Fernando
Coelho Filho vai se reunir com o presidente da Eletrobras e com integrantes da
equipe econômica:
“Esse
de fato é uma questão que a gente tem que ver por conta do prazo, até.
Quarta-feira é o prazo final. Vamos ter uma reunião com o ministro do
Planejamento representantes da Fazenda e o presidente da Eletrobras para a
gente poder, enfim, aprofundar um pouco mais o detalhe da situação e tentar
encontrar algumas saídas. Então, essa é, sim, uma questão urgente, eu acredito
que vou ter também oportunidade, nos próximos dias, de conversar com o
presidente a respeito disso”, afirmou o ministro.
Representantes do setor confirmaram que o ministro tem pressa. Até quarta-feira (18) deve anunciar a nova equipe de assessores e secretários que vão trabalhar em novas medidas do governo em exercício. Também na quarta-feira começa o maior encontro do setor elétrico, no Rio, o Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico - mais um encontro que o ministro terá com a indústria.
Distribuidoras de energia reclamaram dos efeitos da crise: compraram energia a longo prazo e têm contratos sobrando porque o consumo freou. Contas mais caras e a economia devagar. O setor busca soluções negociadas.
“Essas
soluções têm que ser negociadas a quatro mãos. Quer dizer, as duas mãos do
governo e as duas nossas. Tem que haver esse diálogo e o ministro se mostrou
totalmente de acordo com isso, o que nos deixou muito animados e muito
estimulados a colaborar com o governo nesse sentido”, disse Mário Menel,
presidente do Fórum de Associações do Setor Elétrico.
Outra
ameaça: os questionamentos na Justiça e na Aneel sobre
a Conta de Desenvolvimento Energético - um fundo que banca subsídios para o setor.
As empresas recorreram para reduzir a contribuição. O risco é que os valores
contestados possam acabar nas contas de luz.
Fonte: G1