O Movimento Papo de Direita entendi
que a ação do atual Ministro Romero Juca representa um retrocesso a democracia e
por esse motivo pedimos a exoneração imediata desse ministro.
BRASIL - Se o governo da presidenta
Dilma Rousseff fosse trocado, um pacto para “estancar a sangria” desatada pela
Operação Lava Jato seria costurado e o ex-presidente da Transpetro Sérgio
Machado ficaria livre de pressão. A proposta foi feita pelo atual ministro do
Planejamento, Romero Jucá, em março passado em conversa grampeada por
autoridades.
A gravação, de 1h15min em poder da Procuradoria-Geral da República
(PGR), foi feita semanas antes da votação do impeachment da presidenta Dilma
Rousseff no plenário da Câmara dos Deputados. De acordo com reportagem do
jornal Folha de S.Paulo, na conversa, Machado cobra, nervoso, de
Jucá uma providência para que seu processo, em tramitação no STF (Supremo
Tribunal Federal), não fosse parar na vara do juiz Sergio Moro, em Curitiba.
“Aí fodeu. Aí fodeu para todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que
eu ‘desça’? Se eu ‘descer’…”, ameaçou.
Jucá concordou com Machado que novas delações não deixariam “pedra sobre
pedra” e que ninguém ali poderia ficar “na mão desse [Moro]”. “Eu acho que a
gente precisa articular uma ação política”, sugeriu o atual ministro, que
recomendou a Machado que se reunisse com o presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL).
Para convencer o executivo, Jucá afirmou que um futuro governo Temer construiria
um pacto nacional “com o Supremo, com tudo”. Machado emendou: “Aí parava tudo”,
no que respondeu Jucá: “É. Delimitava onde está, pronto.”
Alvo de inquérito ao lado de Renan, Machado presidiu a Transpetro, uma
subsidiária da Petrobras, entre 2003 e 2014, por indicação do PMDB nacional.
Ele teria entregue R$ 500 mil em propina a um dos delatores da Lava Jato, Paulo
Roberto Costa.
Jucá, por sua vez, teria embolsado R$ 1,5 milhão do dono da UTC, Ricardo
Pessoa, para financiar a campanha do filho, então candidato a vice-governador
de Roraima. Segundo Jucá, não houve ilegalidade no repasse.
O advogado do ministro, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, negou
que Jucá pensasse “em fazer qualquer interferência nas investigações” e que não
há “ilegalidade” na conversa mantida com Machado.
Leia alguns trechos do diálogo:
Sérgio Machado - Mas viu, Romero, então eu acho
a situação gravíssima.
Romero Jucá - Eu ontem fui muito claro. […]
Eu só acho o seguinte: com Dilma não dá, com a situação que está. Não adianta
esse projeto de mandar o Lula para cá ser ministro, para tocar um gabinete,
isso termina por jogar no chão a expectativa da economia. Porque se o Lula
entrar, ele vai falar para a CUT, para o MST, é só quem ouve ele mais, quem dá
algum crédito, o resto ninguém dá mais crédito a ele para porra nenhuma.
Concorda comigo? O Lula via reunir ali com os setores empresariais?
Sérgio Machado - Agora, ele acordou a militância
do PT.
Romero Jucá - Sim.
Sérgio Machado - Aquele pessoal que resistiu
acordou e vai dar merda.
Romero Jucá - Eu acho que…
Sérgio Machado - Tem que ter um impeachment.
Romero Jucá - Tem que ter impeachment. Não
tem saída.
Sérgio Machado - E quem segurar, segura.
Romero Jucá - Foi boa a conversa, mas vamos
ter outras pela frente.
Sérgio Machado - Acontece o seguinte,
objetivamente falando, com o negócio que o Suprmeo fez [autorizou prisões logo
após decisões de segunda instância], vai todo mundo delatar.
Romero Jucá - Exatamente, e vai sobrar muito.
O Marcelo e a Odebrecht vão fazer.
Sérgio Machado - Odebrecht vai fazer.
Romero Jucá - Seletiva, mas vai fazer.
Sérgio Machado - Queiroz [Galvão] não sei se vai
fazer ou não. A Camargo [Corrêa] vai fazer ou não. Eu estou muito preocupado
porque eu acho que… O Janot [procurador-geral da República] está a fim de pegar
vocês. E acha que eu sou o caminho.
[…]
Romero Jucá - Você tem que ver com seu
advogado como é que a gente pode ajudar. […] Tem que ser política, advogado não
encontra [inaudível]. Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra…
Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria.
[…]
Sérgio Machado - Rapaz, a solução mais fácil era
botar o Michel [Temer].
Romero Jucá - Só o Renan que está contra essa
porra. ‘Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha’. Gente,
esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.
Sérgio Machado - É um acordo, botar o Michel,
num grande acordo nacional.
Romero Jucá - Com o Supremo, com tudo.
Sérgio Machado - Com tudo, aí parava tudo.
Romero Jucá - É. Delimitava onde está,
pronto.
[…]
Sérgio Machado - O Renan é totalmente ‘voador’.
Ele ainda não compreendeu que a saída dele é o Michel e o Eduardo. Na hora que
cassar o Eduardo, que ele tem ódio, o próximo alvo, principal, é ele. Então
quanto mais vida, sobrevida, tiver o Eduardo, melhor pra ele. ele não compreendeu
isso não.
Romero Jucá - Tem que ser um boi de piranha,
pegar um cara, e a gente passar e resolver, chegar do outro lado da margem.
Sérgio Machado - A situação é grave. Porque,
Romero, eles querem pegar todos os políticos. É que aquele documento que foi
dado…
Romero Jucá - Acabar coma classe política
para ressurgir, construir uma nova casta, pura, que não tem a ver com…
Sérgio Machado - Isso, e pegar todo mundo. E o
PSDB, não sei se caiu a ficha já.
Romero Jucá - Caiu. Todos eles. Aloysio
[Nunes, senador], [o hoje ministro José] Serra, Aécio [Neves, senador].
Sérgio Machado - Caiu a ficha. Tasso
[Jereissati] também caiu?
Romero Jucá - Também. Todo mundo na bandeja
para ser comido.
[…]
Sérgio Machado - O primeiro a ser comido vai ser
o Aécio.
Romero Jucá - Todos, porra. E vão pegando e
vão…
Sérgio Machado - [Sussurrando] O que que a gente
fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele ser
presidente da Câmara? [Mudando de assunto] Amigo, eu preciso da sua
inteligência.
Romero Jucá - Não, veja, eu estou à
disposição, você sabe disso. Veja a hora que você quer falar.
Sérgio Machado - Porque se a gente não tiver
saída… Porque não tem muito tempo.
Romero Jucá - Não, o tempo é emergencial.
Sérgio Machado - É emergencial, estão preciso
ter uma conversa emergencial com vocês.
Romero Jucá - Vá atrás. Eu acho que a gente
não pode juntar todo mundo para conversar, viu? […] Eu acho que você deve
procurar o [ex-senador do PMDB José] Sarney, deve falar com o Renan, depois que
você falar com os dois, colhe as coisas todas, e aí vamos falar nós dois do que
você achou e o que eles ponderaram pra gente conversar.
Sérgio Machado - Acha que não pode ter reunião a
três?
Romero Jucá - Não pode. Isso de ficar
juntando para combinar coisa que não tem anda a ver. Os caras já enxergam outra
coisa que não é… Depois a gente conversa os três sem você.
Sérgio Machado - eu acho o seguinte: se não
houver uma solução a curto prazo, o nosso risco é grande.
Sérgio Machado - É aquilo que você diz, o Aécio
não ganha porra nenhuma…
Romero Jucá - Não, esquece. Nenhum político
desse tradicional ganha eleição, não.
Sérgio Machado - O Aécio, rapaz… O Aécio não tem
condição, a gente sabe disso. Quem que não sabe?Quem não conhece o esquema do
Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB…
Romero Jucá - É, a gente viveu tudo.
Romero Jucá - [Em voz baixa] Conversei ontem
com alguns ministros do Supremo. os caras dizem ‘ó, só tem condições de
[inaudível] sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras
querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca’. Entendeu? Então… Estou conversando
com os generais, comandantes, militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem
que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar.
Sérgio Machado - Eu acho o seguinte, a saída
[para Dilma] é ou licença ou renúncia. A licença é mais suave. O Michel forma
um governo de união nacional, faz um grande acordo, protege o Lula, protege
todo mundo. Esse páis volta à calma, ninguém aguenta mais. Essa cagada desses
procuradores de São Paulo ajudou muito. [referência possível ao pedido de
prisão de Lula pelo MP SP e à condução coercitiva dele para depor no caso da
Lava Jato]
Romero Jucá - Os caras fizeram para poder
inviabilizar ele de ir para um ministério. Agora vira obstrução da Justiça, não
está deixando o cara, entendeu? Foi um ato violento…
Sérgio Machado - …E burro […] Tem qu eter uma
paz, um…
Romero Jucá - Eu acho que tem que ter um
pacto.
[…]
Sérgio Machado - Um caminho é buscar alguém que
tem ligação com o Teori [Zavascki, relator da Lava Jato], mas parece que não
tem ninguém.
Romero Jucá - Não tem. É um cara fechado, foi
ela [Dilma] que botou, um cara… Burocrata da… Ex-ministro do STF {Superior
Tribunal de Justiça].