CEVERÓ
- O acordo de delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró com
o Ministério Público Federal prevê que ele deixe a prisão no próximo dia 24 e
devolva mais de R$ 17 milhões aos cofres públicos em razão dos crimes cuja
autoria assumiu durante as investigações da Operação Lava Jato.
O
conteúdo do acordo firmado entre Cerveró e o MPF foi tornado público nesta
quinta-feira (2) por decisão do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato
no Supremo Tribunal Federal, que atendeu a pedido da Procuradoria Geral da
República.
Além
da devolução do valor, o acordo também prevê que o ex-diretor da Petrobras só
possa ser condenado a, no máximo, 25 anos de prisão, somando todos os processos
a que responde na Justiça.
Pelo
acordo, ele cumprirá 1 ano, 5 meses e 9 dias em regime fechado na carceragem da
Polícia Federal. Como foi preso pela PF em janeiro de 2015, continuará a
cumprir pena em casa a partir do próximo dia 24, utilizando tornozeleira
eletrônica.
DILMA - Já existem documentos em posse da Procuradoria-Geral
da República que revelam que a presidente afastada, Dilma Rousseff, tinha
conhecimento do teor das negociações envolvendo interesses políticos na compra
da refinaria de Pasadena, antes da reunião do Conselho de Administração da
Petrobras que aprovou o negócio.
Os envolvidos na venda de Pasadena trocavam
mensagens em uma rede de e-mails do Gmail que não era rastreável, pois as
mensagens ficavam sempre numa nuvem de dados, sem serem enviadas. Numa dessas
mensagens, na véspera da reunião decisiva, há a informação de que “a ministra”
já estava ciente dos arranjos dos advogados.
Em outras mensagens, há informações sobre
pagamentos de itens pessoais da presidente pelo esquema montado na Petrobras,
como o cabeleireiro Celso Kamura, que viajava para Brasília às custas do grupo.
Cada ida de Kamura custava R$ 5 mil. Há também indicações de que um
teleprompter especial foi comprado para Dilma sem ser através de meios
oficiais, para escapar da burocracia da aquisição.
Um tiro no pé da defesa
O pedido do advogado da presidente afastada
para incluir no processo do impeachment em curso no Senado os áudios gravados
pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado é um tiro no pé da defesa, pois
amplia o escopo das acusações para incluir a Lava-Jato. O relator, o tucano
Antonio Anastasia, fez um favor a José Eduardo Cardozo recusando o pedido, pois
ele poderia fazer com que a bancada do atual governo levasse para o processo
gravações de Lula com o mesmo objetivo de cercear as investigações da
Lava-Jato.
Na reunião da comissão do impeachment ontem,
essas gravações de Lula já apareceram nos debates e, se o escopo da denúncia
fosse ampliado, poderiam entrar as contas de 2014 e as denúncias do ex-senador
Delcídio Amaral sobre tentativas da própria Dilma Rousseff de libertar
empreiteiros presos.
A nomeação do ministro Marcelo Navarro para o
STJ, com o objetivo de libertar Marcelo Odebrecht, foi confirmada pelo próprio
nas tratativas para sua delação premiada, dando veracidade ao relato de
Delcídio.
Está claro, com a tentativa de anexar aos
autos as gravações de Sérgio Machado sobre a Lava-Jato, a vontade de limitar a
acusação às pedaladas de 2015 e aos decretos não autorizados pelo Congresso
para dificultar a acusação e o desejo de ampliar o raio de ação da defesa para
dar ares de verdade à acusação de golpe.
Se o chamado conjunto da obra do governo
Dilma entrasse na roda do julgamento, com todas as acusações que estão sendo
reveladas agora, não haveria como defender a presidente afastada.
Fonte: G1