BRASIL - O procurador-geral
da República, Rodrigo Janot, pediu nesta quarta-feira (1º) ao Supremo Tribunal Federal (STF) o prosseguimento da investigação
do senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, e da coleta de provas
no inquérito sobre o suposto envolvimento do tucano em um esquema de corrupção
em Furnas. A decisão sobre o prosseguimento das investigações
caberá agora ao ministro Gilmar Mendes.
Imagem: Veja
EM NOTA, a assessoria de Aécio
Neves disse que "trata-se da mesma antiga e falsa acusação feita por
adversários do senador". A nota diz ainda que a acusação "já foi
inclusive arquivada pela própria PGR" e que "todos os esclarecimentos
serão novamente dados para que não paire dúvidas sobre a correta conduta do
senador".
Há
três semanas, Gilmar Mendes, que é o relator do caso no STF, suspendeu a investigação e pediu que Janot reavaliasse se queria
manter os pedidos diante de uma documentação apresentada por Aécio Neves.
Para
o ministro, a petição do parlamentar poderia demonstrar que a retomada das
investigações ocorreu sem que houvesse novas provas, o que contraria o
entendimento do Supremo.
O
procurador-geral, no entanto, manteve o pedido original que fez ao STF, baseado
na delação premiada do senador cassadoDelcídio do Amaral. Janot também pediu o desarquivamento
da citação feita pelo doleiro Alberto Youssef sobre o parlamentar.
Segundo
o pedido de investigação de Janot, Youssef disse que Aécio "dividia"
uma diretoria de Furnas com o PP, e que ouviu isso do ex-deputado José Janene,
já falecido. De acordo com o pedido, o doleiro afirmou ainda que ouviu que o
senador do PSDB recebia valores mensais, por meio de sua irmã, por uma das
empresas contratadas por Furnas. Delcídio confirmou as informações em dua
delação premiada.
Em
nota divulgada na noite desta quarta (leia a íntegra ao final desta
reportagem), a assessoria de Aécio afirmou que Youssef falou na
delação "unicamente de valores e periodicidade de repasses feitos ao
PP" e não à irmã do senador. O texto da nota faz essa afirmação com base
no termo de declarações complementar número 21, de Alberto Youssef. O pedido de
Janot se baseia no termo de colaboração número 20.
No
documento, Rodrigo Janot afirmou que a delação de Delcídio e elementos de
convicção dela decorrentes "constituem indubitavelmente provas novas a
exigirem o desarquivamento da menção feita por Yousseff".
Janot
cita que, segundo Delcídio e Youssef, a irmã de Aécio tinha empresas em seu
nome na época dos fatos. E que a Operação Norbert, feita no Rio de Janeiro pela
Polícia Federal, apontou que diversas pessoas valendo-se de doleiros criaram
empresas para manter e ocultar valores no exterior, "inclusive na Suíça e
no Principado de Liechtenstein, na Europa".
A
suposta propina ao parlamentar teria sido paga entre 1996 e 2001. Janot quer
investigar o senador por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O procurador
quer que sejam cumpridas diversas diligências em até 90 dias, como o depoimento
de Aécio, do ex-diretor de Furnas Dimas Fabiano, e a juntada de investigação
sobre Furnas feita pela Polícia Federal.
Fonte: G1