BRASIL - Manifestantes
começaram a desocupar o prédio do Ministério da Cultura, no Centro do Rio, por
volta das 9h desta segunda-feira (25). Desde o início da manhã, o edifício
Gustavo Capanema estava cercado por agentes da Polícia Federal. Mais cedo, uma
tropa de choque de homens mascarados impedia que os manifestantes ocupassem o
pilotis do prédio, mas estes argumentam que o local é uma área pública.
Os
agentes entraram no edifício e retiraram colchões e barracas. Há 70 dias, cerca
de 50 pessoas ocupavam o prédio, pedindo a saída do presidente em exercício
Michel Temer, considerado um governo ilegítimo pelos ocupantes. Durante o
período, muitas atividades culturais aconteceram no Gustavo Capanema e artistas
como Caetano Veloso, Seu Jorge e Lenine se apresentaram no local.
"Fomos
surpreendidos por 15 policiais na sala Portinari. Estava somente eu e minha
amiga de 60 anos, militante há 40 e poucos anos. E tinha policiais armados de
metralhadora, com o rosto coberto. Eles usaram a força legitimada para tirar lá
de cima, me agrediram e em algum momento que estava me debatendo falei: preciso
de água porque vou desmaiar. Não me deixaram beber água. Veio mulher, com
homem, me pegaram cada um em um braço, em uma perna. Torceram meu braço,
fizeram de tudo. Desci da escada rolando", diz a produtora cultural
Adriana Tiúba.
O
advogado dos manifestantes, Rodrigo Mondego, afirma que não teve acesso ao
prédio assim que chegou. Por volta de 9h10 ele já havia entrado. "Eu
cheguei há 40 minutos e pedi para entrar, enquanto advogado, e não me foi
permitido o acesso com o argumento de que precisa de uma autorização superior
que não chega. O superior é uma pessoa inacessível. A Polícia Federal está
desrespeitando a lei".
De
acordo com Modego, os manifestantes estão descendo para a área pública do
prédio, que ele afirma que é pública e da qual eles não poderiam ser retirados.
"O prédio e público e inclusive está exercendo sua função pública. Essa
área era desabitada, com muitos assaltos", explicou Mondego.
Integrantes
do Ocupa Minc afirmam que a saída do prédio é pacífica, mas que o grupo
pretende permanecer no pilotis. Até a publicação desta reportagem, a Polícia
Federal ainda não havia se pronunciado sobre a desocupação.
Os
manifestantes contam que a argumentação de que estavam destruindo o patrimônio
público não é verdadeiro, pois os jardins e objetos como tapetes e cadeiras
foram preservados e cobertos com plásticos e panos. Eles relatam ainda que a
manifestação não está sendo permitida nem nas áreas públicas, como a calçada.
Os manifestantes gritam que "o MinC é do povo" e criticam o
presidente interino Michel Temer e o ministro da Cultura Marcelo Calero.