31 de agosto de 2016

IMPEACHMENT – Romário o último Senador a discursar diz que houve crime sim e chumbo grosso crava #TchauQuerida

BRASIL - Último a falar na tribuna, o senador Romário (PSB-RJ) destacou a gravidade do momento que requer o afastamento de Dilma. "Não há dúvida de que houve crime e o impeachment é inevitável", afirmou. Ele disse ainda esperar que as divergências que dividiram o país nos últimos meses sejam deixadas de lado depois da votação. "O momento é de reconstrução, de união e de trabalho duro", disse. O senador falou ainda que, seja qual for o resultado, não apoiará nenhuma medida que retire direitos dos trabalhadores. "Não podemos subestimar a crise, mas não podemos deixar que ela nos tire a esperança no futuro", afirmou.

Nesta fase do julgamento, os senadores tiveram 10 minutos para se pronunciar sobre como irão votar na votação final do impeachment, que deverá acontecer na quarta-feira (31). A fase de discursos começou às 14h32 desta terça-feira (30) e foi interrompida às 18h10 pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, para o jantar, voltando cerca de uma hora mais tarde. Último a falar, Romário encerrou os discursos às 2h30 da quarta. Ao todo, 66 senadores se inscreveram para esta fase de pronunciamentos.
Para que Dilma seja afastada definitivamente, é preciso que pelo menos 54 senadores votem favoravelmente ao impeachment. Caso contrário, ela é inocentada dos crimes de responsabilidades dos quais é acusada e retorna ao exercício da Presidência da República, do qual foi afastada no dia 12 de maio.
A favor do impeachment
Os senadores que já se manifestaram a favor do impeachment foram: Gladson Cameli (PP-AC), Antonio Anastasia (PSDB-MG), Ataídes Oliveira (PSDB-TO), Lúcia Vânia (PSB-GO), Lasier Martins (PDT-RS), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Álvaro Dias (PV-PR), Antonio Carlos Valadares (PSC-SE), Dário Berger (PMDB-SC), José Medeiros (PSD-MT), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Eduardo Amorim  (PSC-SE), Aécio Neves (PSDB-MG), Magno Malta (PR-ES), Valdir Raupp (PMDB RO), Ivo Cassol (PP-RO), José Aníbal (PSDB-SP), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), Paulo Bauer (PSDB-SC), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Cidinho Santos (PR-MT), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Ricardo Ferraço (PSDB-ES), Benedito de Lira (PP-AL), Zeze Perrella (PTB-MG), Wilder Morais (PP-GO), Sérgio Petecão (PSD-AC), Hélio José (PMDB-DF), Rose de Freitas (PMDB-ES), Ana Amélia (PP-RS), Simone Tebet (PMDB-MS), Waldemir Moka (PMDB-MS), Pedro Chaves (PSC-MS), Reguffe (sem sigla-DF), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), Cristovam Buarque (PPS-DF) e JoséAgripino (DEM-RN).
Entre os que foram mais enfáticos em sua manifestação contra a presidente Dilma e o PT, estão Ataídes Oliveira e Caiado. "Amanhã estaremos definitivamente livres dessa chaga que é o PT no governo. Estaremos livres da incapacidade administrativa, da falta de diálogo, da falta de ética e da absoluta irresponsabilidade fiscal da presidente Dilma", disse Oliveira.
Ronaldo Caiado também foi ácido em suas críticas ao PT. "O PT acredita que ele tem o dom de poder interpretar os fatos como eles acham que devem ser interpretados. E aí passam a acusar todos os que não comungam com eles. E o mais grave é que a partir daí eles começam a criminalizar todos os setores da vida brasileira [...] Esta casa não vai se abaixar ante essa campanha que está sendo feita", disse Caiado.
Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), apesar de não ter dito abertamente que vota pelo impeachment, fez uma fala recheada de críticas a Dilma. Já Valadares disse que ver abuso de poder na atitude de Dilma, mas não declarou voto. "Não resta dúvida, em nosso juízo, de que a presidente da República agiu com abuso de poder político, violando a lei orçamentária, as prerrogativas do Congresso Nacional, a Constituição da República, desestabilizando o regime de responsabilidade fiscal".
Contrários ao impeachment
Os senadores que se manifestaram contra o impeachment foram Jorge Viana (PT-AC), Roberto Requião (PMDB-PR), Fátima Bezerra (PT-RN), Ângela Portela (PT-RR), Lídice de Mata (PSB-BA), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Vanessa Grazziottin (PCdoB-AM), Humberto Costa (PT-PE), Regina Sousa (PT-PI), José Pimentel (PT-CE), Paulo Paim (PT-RS), Armando Monteiro (PTB-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Otto Alencar (PSD-BA).
Sousa afirmou que "a disputa aqui é entre o Bolsa Família e a bolsa de valores, entre um pais para todos e um país para os ricos". Já Viana pediu que os colegas de Senado pensem sobre como a história irá julgá-los após a votação do processo de impeachment e citou o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado por Viana de ter iniciado o processo de impeachment contra Dilma por "vingança". "Eu queria saber como a história vai julgar os que acusaram (Dilma Rousseff)? É parte da democracia. Alguns podem estar comprometendo sua biografia. Quero saber como a história vai julgar o senhor Eduardo Cunha, que por ódio, por vingança, deu início ao a esse processo de impeachment", disse Viana.
Requião citou a carta póstuma deixada por Getúlio Vargas em 1955 e comparou o processo de impeachment contra Dilma ao golpe militar de 1964. "Este Senado está prestes a repetir a ignomínia de março de 64. O que se pretende? Que daqui a alguns anos, se declare nula esta sessão, como declaramos nula a sessão que tirou o mandato de Goulart e peçamos desculpa à filha e aos netos de Dilma?", disse Requião.
A petista Fátima Bezerra saiu em defesa de Dilma. "Este processo de impeachment, a despeito de seguir um rito constitucional, supervisionado pelo Supremo Tribunal Federal, representa um atentado contra o Estado de Direito e a Constituição cidadã, pois pretende afastar da Presidência da República uma mulher íntegra, honesta, que não cometeu nenhum crime de responsabilidade", declarou.
Sem declaração de voto
Destes primeiros senadores, Acir Gurgacz (PDT-RO) e Fernando Collor (PTC-AL) não declararam abertamente seus votos.
Em seu pronunciamento, Gurgacz criticou a crise política e econômica, mas não explicitou em que direção irá votar.
Collor também fez duras críticas ao governo da presidente afastada, mas não declarou o seu voto explicitamente. "O governo afastado transformou sua gestão numa tragédia anunciada. É o desfecho típico de governo que faz da cegueira econômica o seu calvário, e da surdez política o seu cadafalso. Esse é um contexto que outrora até poderia ensejar um golpe de estado clássico para solucionar em curto prazo uma aguda crise política. Não foi o caso", afirmou.
Após a fase de pronunciamentos sobre os votos, dois senadores deverão falar pela acusação e outros dois pela defesa -- é a chamada fase de encaminhamento. Cada um falará por até cinco minutos. Depois disso, Ricardo Lewandowski deverá abrir a votação para que os senadores julguem Dilma por meio do voto. A votação será eletrônica, aberta e está prevista para ser realizada na quarta-feira (31) pela manhã.
Na manhã desta terça, falaram, por 1h30, defesa e acusação. Pela defesa, discursou José Eduardo Cardozo, advogado de Dilma. Pela acusação, revezaram-se os advogados Janaina Paschoal e Miguel Reale Júnior.