BRASIL
- Detentos voltaram ao teto de ao menos três
pavilhões da unidade de Alcaçuz, ocuparam a área externa da prisão e fizeram uma batalha
campal, usando plástico, madeira e outros objetos para montar barricadas e
também como escudo.
Aglomerados
próximo ao pavilhão 4, onde no sábado, 14, 26 presidiários foram mortos, os
presos foram dispersados após os disparos de armamento não letal. De cima de um
dos pavilhões, um preso gritava pela atenção da PM pedindo que liberasse o
acesso para que os próprios presos "dessem um jeito".
A
nova rebelião acontece no dia seguinte à retirada de 220 internos ligados ao
Sindicato do Crime do RN (SDC) do local. O governo do Estado remanejou presos
entre três unidades visando a acalmar a situação em Alcaçuz. A Justiça, porém,
determinou que parte da operação fosse desfeita.
A
Vara de Execuções Penais de Nísia Floresta, cidade onde está situado o
presídio, entendeu que presos foram retirados "à revelia" e estariam
"correndo sério risco de morte, em especial porque a rebelião não foi controlada".
Em
nota, o Tribunal de Justiça potiguar informou que "neste momento de
desconfiança entre os presos, não há possibilidade de saber quem são os presos
do Sindicato do Crime". "Só os do PCC estão se declarando como
integrantes desta facção."
A
decisão de interromper a operação montada pelo Estado foi tomada pela juíza
Nivalda Torquato, que considerou ainda uma decisão de 2015 que interditou
Alcaçuz para novos presos. "Somente por meio de documento oficial e em
condições de normalidade é que se pode permutar presos", informou a
magistrada.
A
transferência de Alcaçuz envolvia a permuta com presos retirados da
Penitenciária Estadual de Parnamirim, que seriam divididos entre a unidade em
NÍsia Floresta e a Cadeia Publica de Natal, na zona norte da capital. O governo
disse que não ia comentar a decisão da juíza, mas ressaltou que na terça-feira
foi realizada uma reunião com o TJ para repassar as informações sobre as
transferências e organizar a operação.
"Os
presos que não entraram em Alcaçuz passaram a noite na Cadeia Pública de Natal.
Por questão de segurança, a secretaria de segurança não pode repassar
informações neste momento sobre a nova operação de transferência", disse o
governo em nota. Não foi informado se os detentos retirados serão devolvidos à
Alcaçuz.
Na
manhã desta quinta, o helicóptero da PM sobrevoava o presídio em auxílio a ação
dos policiais nas guaritas que disparavam contra os presos.