BRASIL – Desesperado com
o crescimento de Jair Bolsonaro nas pesquisas para presidente o petralha (Sem
Moral e com Partido mais corrupto do Brasil) em entrevista para BBC chama os
seguidores do Mito de fascistas, só faltou chamar de golpistas, vejam alguns
trechos da entrevista.
BBC Brasil -
Pesquisa Datafolha mostra o ex-presidente Lula liderando pesquisas, mas também
com forte rejeição. Revela também crescimento de Bolsonaro. O sr. acha que
Bolsonaro pode se tornar uma alternativa viável para a eleição de 2018, capaz
de vencer Lula?
Tarso
Genro - A polarização entre Lula e Bolsonaro caracterizaria uma disputa
frontal entre um vasto campo de centro-esquerda e a direita com tendências
fascistas no Brasil, que jamais terá, na sociedade brasileira, uma base
eleitoral e política majoritária.
BBC
Brasil - Na sua visão, então, ele jamais venceria Lula em um segundo turno?
Genro -
Sim, isso mesmo.
BBC
Brasil - A dimensão da greve de sexta-feira foi relevante, mas alguns
analistas dizem que não foi suficiente para impedir a aprovação das reformas.
Qual é a sua leitura dos impactos da paralisação?
Genro -
Talvez não seja realmente suficiente para travar a aplicação das reformas. A
execução das reformas é demandada por protagonistas muito fortes, no plano
interno e externo. As instituições privadas do capital financeiro, a mídia
oligopolizada e as empresas que pensam em repor sua competitividade com uma
exploração cada vez mais intensiva de mão de obra barata, no que se refere à
reforma trabalhista.
Quanto
à reforma da Previdência, esta é demandada pelos credores da dívida externa, a
quem não interessa um Estado social de direito, mas um Estado pagador da dívida
pública, tanto a legítima, como a ilegítima, inflada pela manipulação do preço
dos seus juros e serviços.
O
impacto da paralisação é relevante, porém, para o futuro da democracia no
Brasil, pois demonstra que a esquerda e os setores democráticos que defendem um
Estado social têm força para competir com o oligopólio da mídia, que é quem
dirige efetivamente a pauta neoliberal no Brasil.
BBC
Brasil - A CUT, central próxima ao PT, historicamente defende o fortalecimento
das negociações diretas entre empresas e trabalhadores e já chegou a propor,
nos anos 1980, a abolição da CLT. É preciso modernizar a legislação
trabalhista?
Genro -
Sim, é preciso modernizá-la para atender as regulações protetivas das novas
profissões, serviços e atividades impulsionadas pelas novas tecnologias que
reorganizam o processo do trabalho e as novas formas de cooperação entre as
empresas.
Mas a
CLT não pode ser simplesmente anulada, porque é o instrumento legal de proteção
dos trabalhadores que estão inseridos no mundo do trabalho da segunda revolução
industrial. Acabar com a CLT, em nome da flexibilização do contrato de trabalho
clássico, sem pensar em novas tutelas do mundo do trabalho, é simplesmente
voltar ao século 19.
BBC
Brasil - As delações de executivos da Odebrecht apontam para uma promiscuidade
quase generalizada entre a classe política e a empreiteira. Como o sr. recebe
esses depoimentos? Considera as revelações realistas?
Genro -
Essas relações da Odebrecht com o Estado brasileiro não são relações
excepcionais. Todos os grandes grupos econômicos, todos os blocos de poder, de
riqueza do Brasil, sempre se relacionaram com o Estado brasileiro da mesma
forma.
Sempre
abordaram o Estado através do controle que têm das instituições, das fontes de
financiamento. Organizam o sistema político de acordo com suas necessidades
oligárquicas e fazem do Estado brasileiro um servo de suas necessidades.
Isso
aí é feito às vezes de maneira legal, aquilo que é permitido dentro de uma
relação das forças econômicas com a política e o Estado. E às vezes é uma via
ilegal. Então os (atos da) Odebrecht não são nenhuma exceção. Eles são na
verdade uma espécie de representação realista do empresariado brasileiro na sua
relação com o Estado.
BBC
Brasil - Delações por si só não são consideradas provas e os citados
sempre usam esse argumento ao se defender das acusações. Mas o sr. acha então
que, de uma forma geral, são depoimentos realistas no que se refere à relação
entre capital privado e Estado brasileiro?
Genro -
Esses depoimentos estão sendo dados num quadro de exceção aqui no Brasil, então
têm que ser examinados com cuidado. Podem ter coisas verdadeiras e coisas
falsas. São colocações feitas para proteger os delatores da ação penal futura
(buscando punições mais leves), de acordo com negociações feitas pelo
Ministério Público.
Temos
que avaliar é se estão sendo garantidos os respectivos direitos de defesa e se
esses depoimentos não são industriados para salvaguardar pessoas que cometeram
delitos, como ocorre em determinadas circunstâncias. Então não podemos ter um
juízo definitivo sobre esses depoimentos porque são dados em momentos de
exceção como forma de protegerem pessoas que estão denunciando.
BBC
Brasil - O sr. vê algo positivo na Lava Jato? Como, por exemplo, ela jogar luz
nessa relação promíscua entre Estado e capital privado?
Genro -
Todo processo que investiga corrupção tem seu lado positivo. A Lava Jato não
pode ser vista apenas como uma deformidade do processo penal brasileiro ou
elemento de manipulação da opinião pública. Ela é uma reação natural do Estado
brasileiro que passou a ter inclusive controles sobre a corrupção de uma
maneira muita mais intensa durante os governos do presidente Lula, que
aparelhou a Polícia Federal, prestigiou a Procuradoria, fortaleceu as
instâncias de controle, instituiu a Controladoria Geral da União.