24 de junho de 2017

Executivos da Odebrecht revelaram pagamentos de propina a políticos e funcionários públicos, entres eles os do Amazonas, Eduardo Braga-PMDB (30 milhões) e o Senador Omar Aziz-PSD (20 milhões), pela obra da Arena da Amazônia.

BRASIL - Ex-executivos da empreiteira revelaram pagamentos de propina a políticos e funcionários públicos, formação de cartéis para conseguir obras, fraudes em licitações, como a combinação de preços, e superfaturamento.

Um dos instrumentos mais usados para elevar o valor das obras era a criação de aditivos no contrato, que faziam seu valor original multiplicar.
Encaminhados pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), os casos agora serão investigados pelo Ministério Público Federal dos respectivos estados.

Mesmo tendo consumido muito dinheiro dos cofres públicos, algumas obras ainda estão inacabadas. É o caso da usina nuclear Angra 3, no Rio de Janeiro, e a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco.
Em nota, a Odebrecht informou ser de responsabilidade da Justiça a avaliação de relatos específicos feitos pelos seus executivos e ex-executivos.
"A empresa colaborou com a Justiça, reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um Acordo de Leniência com as autoridades brasileiras e da Suíça e com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas", diz nota da empresa.
Amazonas
A Arena da Amazônia, em Manaus, é uma das obras que foram superfaturadas, segundo delatores da Odebrecht. Inicialmente, o estádio estava orçado em R$ 499 milhões e foi concluído por R$ 669,5 milhões – valor 34% maior. Delatores também disseram que, na licitação para a cobertura do estádio, a concorrência foi frustrada por causa de um acordo entre a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, a empresa responsável pela obra. 

Foram citados o Senador Eduardo Braga - PMDB (candidato ao Governo) e o senador Omar Aziz- PSD (Apoiador de Amazonino Mendes-PDT).

FATOS
No dia 14/05/2016, Ex-executivos da construtora Andrade Gutierrez investigados na Operação Lava Jato revelaram, em delação premiada, que pagaram propina aos ex-governadores do Amazonas Eduardo Braga (PMDB) e Omar Aziz (PSD), que, atualmente, são senadores pelo estado.

As informações, obtidas pelo Jornal Hoje, estão nas delações de Clóvis Peixoto Primo e Rogério Nora de Sá - as mesmas pessoas que revelaram o pagamento de propina ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral, do PMDB.
Eduardo Braga, que é senador e foi ministro de Minas e Energia do governo Dilma Rousseff, afirmou, por meio de nota, que a denúncia é "absurda" e que está indignado e se sentindo ofendido com as acusações.

O senador Omar Aziz afirmou que é alvo de "retaliação" da Andrade Gutierrez por não aceitar aditivos de "mais de R$ 1 bilhão" ao valor da obra da Arena da Amazônia. O senador disse ainda que as doações de campanha que recebeu foram declaradas à Justiça Eleitoral. "Agi com transparência e não me surpreende saber que estou sendo alvo de retaliação da Andrade Gutierrez. Todas as doações de minhas campanhas foram declaradas à justiça eleitoral", afirmou.

A Andrade Gutierrez afirmou que não irá comentar. Na delação premiada,  ex-executivos revelaram que, para vencer a concorrência da obra da Arena da Amazônia, a empresa teve informações privilegiadas do governo estadual. Além disso, de acordo com os relatos, a construtora chegou a ajudar na elaboração do projeto e do edital.
Segundo Clóvis Primo, a Andrade Gutierrez tinha preferência pela obra porque estava instalada há muitos anos no Amazonas.


Eduardo Braga
Havia uma combinação, que ocorreu durante os oito anos do governador, Eduardo Braga (PMDB), de pagamento de propina de 10% sobre o valor de cada obra da empreiteira, segundo o delator.
De acordo com Primo, Braga fazia ameaças se houvesse atraso no pagamento da propina. "Ele era jogo duro", afirmou.
Braga teria recebido entre R$ 20 e R$ 30 milhões, segundo estimativa de Sá.

Omar Aziz
Ao detalhar a licitação da Arena da Amazônia, Primo disse ter se encontrado, em hotel em Brasília, com o sucessor de Braga no governo do estado, o senador Omar Aziz (PSD).
O delator afirmou ter tentando negociar redução da propina e disse que, após fazer "um grande teatro" e ter se exaltado, Aziz aceitou a redução para 5% do valor das obras.
Segundo Sá, em outra reunião, em São Paulo, Omar Aziz pediu propina de R$ 20 milhões à construtora, alegando que a empresa tinha grande volume de obras no estado e que a verba seria usada para pagar despesas de campanha.
O delator afirmou que, ao ouvir que não era possível, Omar Aziz teria insistido de modo agressivo, aumentado o tom e afirmado que, se a propina não fosse paga, o governo estadual poderia "se vingar" da Andrade Guetierrez.
A delação informa que Omar Aziz teria inclusive sugerido que a construtora executasse algum serviço de medição de terraplanagem e embutisse o valor.
O total pago pela Andrade Gutierrez a Aziz somou cerca de R$ 18 milhões, segundo Sá, e teriam sido feitos pelo menos até setembro de 2011.
A Procuradoria-Geral da República ainda não pediu abertura de inquérito para investigar os dois senadores.

Fonte: G1

http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/2016/05/construtora-pagou-propina-eduardo-braga-e-omar-aziz-diz-delator.html