BRASIL
- Ex-executivos da empreiteira revelaram pagamentos de propina a políticos e
funcionários públicos, formação de cartéis para conseguir obras, fraudes em
licitações, como a combinação de preços, e superfaturamento.
Encaminhados
pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), os casos agora
serão investigados pelo Ministério Público Federal dos respectivos estados.
Mesmo
tendo consumido muito dinheiro dos cofres públicos, algumas obras ainda estão
inacabadas. É o caso da usina nuclear Angra 3, no Rio de Janeiro, e a Refinaria
Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco.
Em
nota, a Odebrecht informou ser de responsabilidade da Justiça a avaliação de
relatos específicos feitos pelos seus executivos e ex-executivos.
"A
empresa colaborou com a Justiça, reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas,
assinou um Acordo de Leniência com as autoridades brasileiras e da Suíça e com
o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, e está comprometida a combater e
não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas", diz nota da empresa.
Amazonas
A Arena
da Amazônia, em Manaus, é uma das obras que foram superfaturadas, segundo
delatores da Odebrecht. Inicialmente, o estádio estava orçado em R$ 499 milhões
e foi concluído por R$ 669,5 milhões – valor 34% maior. Delatores também
disseram que, na licitação para a cobertura do estádio, a concorrência foi
frustrada por causa de um acordo entre a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, a
empresa responsável pela obra.
Foram citados o Senador Eduardo Braga - PMDB
(candidato ao Governo) e o senador Omar Aziz- PSD (Apoiador de Amazonino
Mendes-PDT).
FATOS
No dia
14/05/2016, Ex-executivos da construtora Andrade Gutierrez investigados na
Operação Lava Jato revelaram, em delação premiada, que pagaram propina aos
ex-governadores do Amazonas Eduardo Braga (PMDB)
e Omar Aziz (PSD), que, atualmente, são senadores pelo estado.
As
informações, obtidas pelo Jornal Hoje, estão nas delações de Clóvis Peixoto
Primo e Rogério Nora de Sá - as mesmas pessoas que revelaram o pagamento
de propina ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral, do PMDB.
Eduardo
Braga, que é senador e foi ministro de Minas e Energia do governo Dilma
Rousseff, afirmou, por meio de nota, que a denúncia é "absurda" e que
está indignado e se sentindo ofendido com as acusações.
O
senador Omar Aziz afirmou que é alvo de "retaliação" da Andrade
Gutierrez por não aceitar aditivos de "mais de R$ 1 bilhão" ao valor
da obra da Arena da Amazônia. O senador disse ainda que as doações de campanha
que recebeu foram declaradas à Justiça Eleitoral. "Agi com transparência e
não me surpreende saber que estou sendo alvo de retaliação da Andrade
Gutierrez. Todas as doações de minhas campanhas foram declaradas à justiça
eleitoral", afirmou.
A Andrade Gutierrez afirmou
que não irá comentar. Na delação premiada, ex-executivos revelaram que,
para vencer a concorrência da obra da Arena da Amazônia, a empresa teve
informações privilegiadas do governo estadual. Além disso, de acordo com os
relatos, a construtora chegou a ajudar na elaboração do projeto e do edital.
Segundo
Clóvis Primo, a Andrade Gutierrez tinha preferência pela obra porque estava
instalada há muitos anos no Amazonas.
Eduardo Braga
Havia
uma combinação, que ocorreu durante os oito anos do governador, Eduardo Braga (PMDB), de pagamento de propina
de 10% sobre o valor de cada obra da empreiteira, segundo o delator.
De
acordo com Primo, Braga fazia ameaças se houvesse atraso no pagamento da
propina. "Ele era jogo duro", afirmou.
Braga
teria recebido entre R$ 20 e R$ 30 milhões, segundo estimativa de Sá.
Omar Aziz
Ao
detalhar a licitação da Arena da Amazônia, Primo disse ter se encontrado, em
hotel em Brasília, com o sucessor de Braga no governo do estado, o senador Omar
Aziz (PSD).
O
delator afirmou ter tentando negociar redução da propina e disse que, após
fazer "um grande teatro" e ter se exaltado, Aziz aceitou a redução
para 5% do valor das obras.
Segundo
Sá, em outra reunião, em São Paulo, Omar Aziz pediu propina de R$ 20 milhões à
construtora, alegando que a empresa tinha grande volume de obras no estado e
que a verba seria usada para pagar despesas de campanha.
O
delator afirmou que, ao ouvir que não era possível, Omar Aziz teria insistido
de modo agressivo, aumentado o tom e afirmado que, se a propina não fosse paga,
o governo estadual poderia "se vingar" da Andrade Guetierrez.
A
delação informa que Omar Aziz teria inclusive sugerido que a construtora
executasse algum serviço de medição de terraplanagem e embutisse o valor.
O
total pago pela Andrade Gutierrez a Aziz somou cerca de R$ 18 milhões, segundo
Sá, e teriam sido feitos pelo menos até setembro de 2011.
A Procuradoria-Geral
da República ainda não pediu abertura de inquérito para investigar os dois
senadores.
Fonte:
G1
http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/2016/05/construtora-pagou-propina-eduardo-braga-e-omar-aziz-diz-delator.html