BRASIL - Um grupo de
encapuzados incendiou nesta segunda-feira (12/06) a Direção Executiva da
Magistratura do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, em Chacao, na região
metropolitana de Caracas.
Os manifestantes também atearam fogo e saquearam os
escritórios de um banco localizado no primeiro andar do mesmo edifício de
quatro andares. Segundo o portal venezuelano El Nacional, três pessoas ficaram
feridas.
Uma
manifestação da oposição ocorria na região quando os encapuzados começaram a
atacar a sede do tribunal com coquetéis molotov. O grupo invadiu o edifício,
quebrou vidros e usou o mobiliário como combustível para alimentar as chamas.
Computadores e outros equipamentos eletrônicos do banco foram incendiados na
rua. Soldados e policiais usaram gás lacrimogêneo e balas de chumbinho para
dispersar os manifestantes.
Mais
cedo, o Supremo Tribunal de Justiça tinha declarado inadmissível um recurso
apresentado pela procuradora-geral Luisa Ortega Diaz. A promotora, que de fato
pertence ao lado governista, opõe-se à convocação de uma Assembleia
Constituinte.
Além
disso, o tribunal, controlado pelo chavismo, considerou "inadequado"
se pronunciar sobre a medida cautelar apresentada por Ortega para suspender os
efeitos do processo constituinte.
Pouco
depois da decisão da corte, a procuradora-geral anunciou ter apresentado um
processo para impugnar a escolha de 33 juízes que foram, segundo ela, eleitos
por meio de processos irregulares em 2015.
Ortega
explicou que são alvo da ação 13 juízes principais e 20 suplentes que foram
escolhidos pela Assembleia Nacional quando o Parlamento venezuelano ainda era
controlado pelo chavismo no fim de 2015.
"Território
sem lei"
O
prefeito de Chacao, o opositor Ramón Muchacho, condenou a violência e comunicou
que a fumaça gerada pelo incêndio, juntamente com o gás lacrimogêneo, afetou um
centro de educação pré-escolar próximo e onde estavam "aproximadamente 45
crianças".
Num
contato telefônico com a emissora privada Globovisión, Muchacho assegurou que
foi "uma situação de violência e de repressão" e que, no momento do
ataque, "não havia presença de polícias nem da Guarda Nacional".
Por
sua parte, o Supremo Tribunal de Justiça afirmou que os ataques aconteceram
"com a cumplicidade das altas autoridades do município e a sua polícia,
que não cumpriram com a missão de proteger os bens e segurança dos
habitantes".
A
nota indicou também que o presidente do Supremo Tribunal, Maikel Moreno,
decidiu mudar a sede da Direção Executiva da Magistratura para outro lugar,
"já que esta zona da Grande Caracas é um território sem lei".
Na
última quarta-feira, a sede da Direção Executiva da Magistratura foi alvo de
outro ataque, em que um grupo de pessoas "com atitude violenta tentou jogar
um caminhão contra a fachada" do edifício, que, depois, foi incendiada. Em
8 de abril, o mesmo local foi atacado com coquetéis molotov e sofreu danos.
Protestos
a favor e contra o governo chavista de Nicolás Maduro vêm ocorrendo no país
desde 1º de abril e já deixaram 67 mortos e milhares de feridos, de acordo com
o Ministério Público da Venezuela.