BRASIL - O jurista e ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior
encaminhou seu pedido de desfiliação do PSDB, sigla que ele ajudou a fundar,
após a decisão do partido de seguir na base de apoio ao presidente Michel
Temer.
À Gazeta do Povo, Reale Júnior
afirmou, nesta terça-feira (13), ser uma contradição que o partido faça vistas
grossas às acusações contra Temer. “O PSDB está se peemidebizando”, disse.
“Não se pode ser conivente. Não é porque o
presidente trouxe boas medidas para a economia que vamos ser conivente com
malfeitos na política”, disse.
Autor do pedido de impeachment que levou à
queda da ex-presidente Dilma Rousseff, Reale Júnior acredita que a
Procuradoria-Geral da República (PGR) deve encaminhar denúncia contra Temer ao
Congresso e que o PSDB passa uma “mensagem errada” para a sociedade ao apoiar o
governo na votação sobre o encaminhamento dessa denúncia, caso ela seja
realmente feita.
“Apesar de reconhecer que os fatos são
graves, o PSDB decidiu permanecer no governo com a desculpa de que permanece
por causa das reformas. É uma contradição liberar a bancada para votar
livremente diante da (possível) denúncia de envolvimento de crime e ao mesmo
tempo manter-se apoiando o governo. O presidente está envolto em fatos graves
de corrupção, em atos nada republicanos. E o PSDB faz de conta que nada
ocorre”, afirmou o jurista.
“É uma conivência, é uma conduta de absoluta
indiferença com a falta de decoro do presidente da República”, afirmou.
Para ele, o PSDB “trai suas origens” ao ficar
do lado de Temer. “O PSDB foi criado a partir do PMDB, porque o PMDB havia se
desviado da sua conduta. E agora está se peemidebizando. É com muita tristeza
me afasto do partido”, disse.
Sobre a aprovação das reformas da Previdência
e Trabalhista, pauta apoiada pelos tucanos e razão apontada pelo partido para
permanecer na base, Reale Júnior avalia que não haveria dificuldade em
aprová-las mesmo se o PSDB tivesse saído da base.
O jurista acredita que mesmo caso um governo
indireto chegasse ao poder, em caso de afastamento de Temer, o projeto com as
reformas estaria preservado. “Ninguém vai mexer nisso (não fazer as reformas),
ninguém é louco pois o prejuízo para o país seria incomensurável”, disse.