BRASIL
- O ex-presidente Lula contribuiu, mesmo que sem planejar, para isentar o
senador Aécio Neves (PSDB/MG) no inquérito do caso Furnas.
No
inquérito, o doleiro Alberto Youssef, o ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT/MS)
e o lobista Fernando Moura, em suas respectivas delações, informaram que o
elo de supostas propinas para Aécio em Furnas seria um antigo amigo do tucano,
Dimas Fabiano Toledo. Mas todos os delatores foram ‘vagos’, segundo a PF. Todos
disseram que ‘ouviram dizer’.
O
delegado Alex Levi, em documento de 43 páginas, destacou também declarações nos
autos do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) e do ex-secretário-geral do PT,
Silvio Pereira, ambos empenhados no início de 2003 na formação da nova equipe
de diretores da Petrobrás. E escreveu:
“É sabido que acaso as declarações de
Lula, Dirceu e Silvio tivessem teor similar à colaboração de Delcídio e ao
testemunho de Fernando (Moura), eles também poderiam ser responsabilizados
pelos mesmos crimes atribuídos a Aécio neste inquérito, sendo sujeitos
diretamente interessados no término destas investigações sem a
responsabilização criminal do senador do PSDB, mesmo o considerando um
adversário político, pois o enquadramento penal dele poderia levar a uma
imputação criminal de todos.”
“Assim,
ponderando que as declarações de Luiz Inácio Lula da Silva, José Dirceu de
Oliveira e Silva e Silvio José Pereira podem conter distorções sobre a real
dinâmica dos fatos apurados, em uma atitude de auto defesa, pois confirmar as
versões de Delcídio do Amaral e de Fernando Moura equivaleria a confessar que
permitiram a continuidade de Dimas Toledo em Furnas, a pedido de Aécio Neves, e
que começaram a receber parte da propina que anteriormente era repassada ao
PSDB e ao PP, seus relatos devem ser avaliados com cautela e em consonância com
os demais elementos dos autos, antes de concluir pela inocorrência dos delitos
em apuração.”
O site
apresentou a defesa do senador do PSDB:
COM A
PALAVRA, A DEFESA DE AÉCIO
“Após
a realização de inúmeras e detalhadas diligências, incluindo a oitiva de
empresários, políticos de oposição e delatores, durante um ano e três meses, a
Polícia Federal concluiu que inexistem elementos que apontem para o
envolvimento do Senador Aécio Neves em supostas atividades ilícitas relativas a
Furnas.
“A
partir do conteúdo das oitivas realizadas e nas demais provas carreadas para os
autos, cumpre dizer que não é possível atestar que Aécio Neves da Cunha
realizou as condutas criminosas que Ihe são imputadas”, diz a conclusão do
inquérito.
Assim,
estando comprovada a falta de envolvimento do Senador Aécio Neves com os fatos
que lhe foram atribuídos, a Defesa aguarda a remessa dos autos à PGR e para
que, na linha do que concluiu o denso relatório policial, seja requerido o
arquivamento do Inquérito, com sua posterior homologação.
Alberto
Zacharias Toron e Luísa Oliver Advogados