17 de janeiro de 2018

Deusdina dos Reis indicada do PR de Alfredo Nascimento mais três vice-presidentes da Caixa são afastados pelo presidente Temer por suspeita de Corrupção

BRASIL - O presidente Temer afastou nesta quarta-feira, por 15 dias, quatro vice-presidentes da Caixa que são alvos de investigação, esse é o tempo que eles terão para apresentarem suas defesas.

Em dezembro, o Ministério Público Federal, em Brasília, recomendou que a Caixa Econômica Federal trocasse todos os seus vice-presidentes e alterasse o método de indicação para os cargos.

O movimento ganhou força a partir de um relatório independente produzido pelo escritório de advocacia Pinheiro Neto. Foram ouvidos os vice-presidentes e analisadas as informações disponíveis das investigações de quatro operações do Ministério Público e da Polícia Federal, que envolvem diretamente a Caixa: “Cui Bono”, “Sépsis”, “A Origem” e “Patmos”. Para que o escritório construísse um parecer, ainda houve o auxílio da análise forense da empresa Kroll e da auditoria da PricewaterhouseCoopers.

Saiba quem são os vice-presidentes afastados e as suspeitas que pesam sobre eles.

Antônio Carlos Ferreira (Vice-presidente Corporativo)- Os documentos apontaram várias interferências políticas. Entre elas, do ex-deputado Eduardo Cunha junto a Antônio Carlos Ferreira. O MP cita o fato de o próprio Ferreira ter contado que o ex-deputado Eduardo Cunha colocou condições para mantê-lo no cargo. Entre elas, encontrar-se frequentemente com o deputado. Outra condicional era fornecer listas de operações acima de R$ 50 milhões para ajudar a “rentabilizar seu mandato”. Segundo o “Jornal Nacional”, Ferreira disse ter contado o ocorrido ao então presidente do banco, Jorge Hereda, e que este teria sugerido que ele procurasse Michel Temer, que era vice-presidente à época. De acordo com o JN, Temer teria dito para Ferreira “continuar trabalhando” porque Cunha seria um deputado “controverso”.
Ferreira também teria dito aos investigadores que quatro consultores que trabalhavam com o ex-ministro Geddel Vieira Lima poderiam ser fontes de vazamento de informações privilegiadas da Caixa. E que, depois do afastamento de um deles, o Rodrigo Rocha Loures (ex-deputado flagrado com malas de dinheiro) teria procurado o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, para tratar de operações de interesse da Rodrimar, empresa que opera no Porto de Santos.
Os procuradores contam ainda que Ferreira disse que foi orientado por Occhi para visitar a JBS para a renovação de uma linha de crédito. O executivo já tinha sido citado na delação de Joesley Batista, dono da JBS, por ter pedido propina de R$ 6 milhões para ser repassada ao ministro do Desenvolvimento, Marcos Pereira. 

Deusdina dos Reis Pereira (Vice-presidente de Ela afirmou aos investigadores possuir suporte político do PR, Trabalhou diretamente com Fábio Cleto, preso por vender informações privilegiadas ao doleiro Lúcio Funaro e Eduardo Cunha.
A corregedoria da Caixa pegou e-mails trocados entre ela, Mauro Lemos e Carlos Eduardo Nonô (já condenado em improbidade e mencionado na repartição de propinas na Operação Caixa de Pandora, que derrubou um governador no Distrito Federal).
No texto, Deusdina cobrava assumir posto no Conselho de Administração da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e insinuava troca de interesses diante de um empréstimo da Caixa. Ela tinha uma planilha com nomes de pessoas politicamente relevantes (ministros, prefeitos e governadores). De acordo com os procuradores, Deusdina apresentou-se a Cunha como substituta de Cleto.

Roberto Derziê de Sant’Anna (Vice-presidente de Governo) - Com ele, Cunha e Geddel Vieira Lima teriam intermediado interesses do dono da Gol, Henrique Constantino. Derziê ainda aparece como recebedor de pagamentos indevidos na delação de Joesley.
Segundo o relatório de investigação interna, “documentos obtidos durante o processo de análise forense revelaram ainda que, efetivamente, Roberto Derziê e Moreira Franco possuem uma relação de proximidade e que Derziê por vezes recebeu pedidos de Moreira Franco, inclusive em relação ao fornecimento de informações sobre o status de operações em trâmite na CEF”. Derziê, entretanto, diz que não deu retorno ao ministro.
O presidente Michel Temer também aparece no relatório de investigação interna da Caixa. Quando era vice-presidente, teria enviado e-mail no dia 28 de outubro de 2015 para indicar um nome como Superintendente Regional de Ribeirão Preto, e Roberto Derziê de Sant’Anna teria encaminhado o pedido. O executivo afirmou ue Temer percebeu sua utilidade em termos de “gestão dos repasses nas emendas parlamentares”.
Foi nomeado secretário-executivo da Secretaria de Relações Institucionais em 2015, no período em que Temer, ainda vice-presidente, assumiu a pasta.

Fonte: oglobo