BRASIL
- Apesar do discurso petista de que "eleição sem Lula é golpe",
o ex-ministro José Dirceu tem admitido, em reuniões, a hipótese de o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não participar da
corrida presidencial.
Nas conversas com militantes, Dirceu tem
traçado cenários até mesmo para o caso de prisão do
ex-presidente.
Segundo
Dirceu, Lula não pode simplesmente fazer suas malas e ir à carceragem se for
condenado à prisão. Na sua opinião, "Lula tem que fazer
um gesto" de resistência para demonstrar a gravidade do
momento e estimular a ida dos militantes às ruas.
Ainda
segundo interlocutores, Dirceu aposta no lançamento da candidatura do
ex-governador da Bahia Jaques Wagner à Presidência caso Lula seja impedido
de concorrer.
Na
avaliação de Dirceu, Wagner tem trânsito no PT e nos partidos de
esquerda, além de contar com um patamar eleitoral no Nordeste. Esse
diagnóstico foi feito, no entanto, antes da ação de busca e apreensão
realizada pela Polícia Federal nesta segunda-feira (26) na casa do ex-governador,
como parte da Operação Cartão Vermelho.
Embora
a considere bem mais remota, Dirceu não descarta a possibilidade
de Lula optar pela candidatura do ex-prefeito Fernando Haddad, desde que ele
possa herdar os votos do ex-presidente no Nordeste.
Em seus
cálculos, Dirceu afirma que o PT estará no segundo turno "com ou
sem Lula". Ex-presidente do PT, Dirceu tem feito críticas
ao atual comando do partido. Ele tem criticado, particularmente, o fato de
os principais dirigentes partidários serem candidatos nas próximas
eleições.
Apesar
de chamar a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), de
combativa, Dirceu lamenta que maior parte da cúpula partidária
esteja, na sua opinião, dedicada à própria eleição em vez
de focar sua energia na consolidação das bases partidárias.
Condenado
na Operação Lava Jato, Dirceu cumpre prisão domiciliar em Brasília,
onde tem se reunido com militantes petistas e dirigentes de movimentos de
esquerda. Com informações da Folhapress.