5 de abril de 2018

Proposta de reajuste é faz de conta de um governo acostumado a fazer ameaças, diz Serafim, sobre o "Desgoverno Desarruma Casa".

AMAZONAS - A proposta de reajuste salarial feita pelo estado aos professores, que estão em greve há duas semanas, é um faz de conta de um governo que não conhece a realidade da categoria e está habituado a fazer ameaças.
A afirmação é do deputado Serafim Correa (PSB), que durante discurso na Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM), na manhã desta quinta-feira (5), disse lamentar o comportamento irracional do secretário de Educação, Lourenço Braga, e do governador Amazonino Mendes (PDT).

Ontem, o Governo do Estado usou as redes sociais para divulgar uma nova proposta salarial, com reajuste de 15,53%.

“A sensação que eu tenho é de que quem fez essa proposta não tem a menor ideia da realidade dos professores, e aí vendem uma outra realidade. (Eu) já passei dos 70 anos, o governador também, o secretário (de Educação) também, e a idade não nos permite fazer coisas irracionais. Agora não dá, e isso precisa ficar bem claro, para querer interromper o debate político, querer ameaçar, querer dizer que é o tal, esse tempo já passou”, defendeu Serafim.

Para o deputado, os argumentos utilizados pelo governo para não conceder o reajuste pleiteado pelos profissionais da educação, foram derrubados um a um. 

“Primeiro o governo disse que não tinha recurso e eu mostrei pelo portal do Fundeb, que no primeiro bimestre entrou R$ 393 milhões. Pior, o prazo para o governo dizer em que gastou esse dinheiro venceu no dia 31 de março e silenciaram. Depois disseram que tinha dinheiro, mas que não poderiam dar o reajuste para os professores por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e eu pausadamente mostrei que no portal do FNDE, está claro que isso não existe”, analisou o parlamentar.

Na proposta apresentada ontem, o governo estadual ofereceu, segundo Serafim, direitos que já estão garantidos em lei e ainda benefícios que a categoria já possui, como a manutenção do plano de saúde, enquadramento de professores e pedagogos, retirada do desconto do vale transporte e criação de uma comissão de revisão do PCCR e da progressão horizontal.

“Reajuste de 15,53%? Eles não explicaram, por exemplo, se isso será pago parcelado. Afirmam que vão manter o plano de saúde para todos. E o que isso significa a mais para os professores? Eles só estão mantendo o que já existia. Progressão vertical é natural e já está prevista em outra lei. Afirmam que vão retirar o desconto de 6% do vale transporte e não dizem quanto é isso em dinheiro. Por último, eles prometem criar uma comissão de revisão do PCCR e da progressão horizontal com a presença do sindicato. Ora, progressão horizontal é algo natural depois de determinado período”, avaliou Serafim.

Ao final da sessão, as lideranças do movimento grevista de professores da rede estadual de ensino, afirmaram que a paralisação continua e vão aguardar uma nova proposta do governo. Essa foi a segunda vez, em uma semana, que o titular da Seduc, promete vir à ALE-AM explicar a proposta de reajuste e falta.

Texto: Janaína Andrade
Foto: Marcelo Araújo