É
fora dos ringues que a lutadora de boxe Giovana Kreitchmann Cavalcanti, de 25
anos, trava sua maior batalha. Diagnosticada com um câncer raro em 2012, ela
lançou uma campanha na internet para arrecadar dinheiro para um tratamento que
pode significar a cura. Quatro doses de um remédio devem ser importadas dos
Estados Unidos, no custo total de R$ 250 mil. Para alcançar o valor, a moradora
de e um grupo de amigas conseguiram
prêmios de luxo para rifas que serão sorteadas em julho.
Até
agora, ela arrecadou R$ 186 mil com doações e uma “vaquinha” em um site. O
montante oriundo das rifas ainda será contabilizado no próximo mês e pode
deixar Giovana mais próxima da sua meta. O câncer é o Carcinoma Mioepitelial de
Parótida, um tumor raro que se desenvolve nas glândulas salivares. Em Giovana a
doença começou no pescoço e se espalhou por ossos, pulmão e cérebro,
caracterizando metástase.
A
jovem não conseguiu os resultados esperados com a quimioterapia e radioterapia
convencionais. Com isso, os médicos sugeriram o medicamento Nivolumab, que não
é comercializado no Brasil. Cada dose custa pouco mais de R$ 20 mil, além dos
custos para a importação.
A
página no Facebook “Gi - Nocauteando o Câncer” foi criada há cerca de uma
semana e já tem 17 mil curtidas. Com a repercussão, Giovana conseguiu cerca de
40 prêmios para as rifas. Serão sorteados um anel e colar de ouro, um mês
grátis de academia e de pilates, vouchers em lojas e jantares, entre tantos
outros agrados para quem estiver disposto a ajudar.
“Muita
coisa foi aparecendo. Ainda bem, é o que eu preciso. Está fazendo sucesso,
bombando. São pessoas iluminadas que estão me ajudando. Falta pouco. Se Deus
quiser, vou conseguir”, comenta ela, emocionada com a repercussão da campanha.
Dentro dos ringues
Giovana
teve de largar a sua grande paixão, o boxe, em outubro do ano passado. Sem
fôlego para lutar e devido a recomendações médicas, ela precisou parar com o
esporte. Mas garante que, no futuro, irá voltar.
A
rotina nos ringues começou cedo, aos 18 anos, quando também iniciou a faculdade
de direito. Concluiu o curso, mas não chegou a exercer a profissão. Ia direto
das aulas para a academia. Se pudesse, conta ela, treinaria manhã, tarde e
noite. Considerada uma lutadora habilidosa, chegou a nutrir o sonho de virar
boxeadora profissional e viver do esporte. E é justamente amparada nessa paixão
que ela encontra inspiração para batalhar contra o câncer. Quer voltar a vestir
as luvas e entrar nos ringues.
(O
boxe) É tudo para mim. É o que tem me feito vencer desde o início. Minha força.
Cada um busca em uma coisa, eu busquei no boxe. Quando eu descobri o câncer, eu
descarregava tudo no saco. Não trazia nada para casa. Depois fiquei
impossibilitada devido ao pulmão”, relembra.
Mesmo
sem ter feito aparições como profissional, o boxe lhe rendeu um bom
condicionamento físico, várias lutas na academia, além de o início de uma
amizade, com Acelino "Popó" Freitas, campeão mundial de boxe pela
Organização e pela Associação Mundial de Boxe. Quando visitou a capital gaúcha,
em 2011, o ex-pugilista foi até a academia onde a jovem treinava e convidou os
atletas para um desafio no ringue. Ninguém aceitou - exceto Giovana.
“Além
de ser espancada e tentar espancar ele, a gente fez uma grande amizade, ele me
liga, a gente fala, ele me conforta muito. Eu sei que isso que eu estou passando
é uma fase”, completa Giovana, que diz que sonha em retribuir a visita a Popó e
treinar em sua academia, em Salvador, na Bahia.
Com
a garra típica dos lutadores, Giovana está pronta para dar seus próximos
passos. Em direção à cura e que a aproximarão da volta aos ringues. Força a
jovem já mostrou que tem de sobra. Resta batalhar pela arrecadação financeira e
aguardar a chegada dos medicamentos.
Fonte: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2015/06/lutadora-de-boxe-do-rs-rifa-premios-de-luxo-para-tratar-cancer-raro.html