BRASIL - O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso divulgou nota neste sábado em seu perfil oficial do
Facebook que o senador e atual presidente do PSDB, Aécio Neves, nunca lhe
pediu ou indicou nomes de diretores para a Petrobras.
"O senador Aécio Neves nunca me pediu
nem indicou diretores da Petrobras. Nem eu interferi na nomeação do sr Irani
Varella, a quem sequer conheço. O resto é pura especulação", disse o
tucano na rede social após o Estado revelar um termo da delação premiada do
ex-deputado condenado no mensalão e na Lava Jato, Pedro Corrêa (PP-PE), no qual
ele afirma que o então deputado Aécio foi um dos responsáveis pela indicação do
diretor de Serviços da Petrobras, Irani Varella, durante o governo de FHC, em
2001. Na época, Aécio era o presidente da Câmara.
Segundo Corrêa, Varella era responsável por
conseguir "propinas com empresários para distribuir com seus padrinhos
políticos" por meio de seu genro, identificado apelas como Alexandre.
Em nota divulgada por sua assessoria, Aécio
disse que Corrêa é desprovido de qualquer credibilidade e sua afirmação é falsa
e absurda. O senador, presidente nacional do PSDB, já foi citado outras vezes
no âmbito das investigações da Lava Jato por delatores como o doleiro Alberto
Youssef, o senador cassado Delcídio Amaral (sem-partido-MS), o lobista Fernando
Moura e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
Aécio é alvo de dois inquéritos no Supremo
Tribunal Federal abertos a partir da delação premiada de Delcídio. Uma das
investigações tem como objetivo saber se Aécio atuou para "maquiar"
dados da CPI dos Correios, em 2005, e esconder a relação entre o Banco Rural e
o chamado mensalão mineiro. O senador também é alvo de uma outra linha de investigação
no STF, que apura se ele recebeu propina de Furnas, subsidiária da Eletrobrás.
No anexo 08 da delação de Corrêa, no qual
trata do tema "CPI Petrobras", o ex-deputado afirma que os partidos
comprometidos com a estatal, tanto da base aliada ao governo federal, como da
maioria da oposição, "eram devedores aos empresários que financiavam as
suas eleições nos Estados e tinham negócios com a Petrobras". "Os
quais os diretores da estatal, indicados pelos políticos, facilitavam os seus
negócios e cobravam propina para distribuir aos partidos políticos."
Neste trecho do depoimento, o ex-deputado
afirma que no governo FHC, por exemplo, o diretor de Serviços era "Irani
Varella, indicado na época pelos deputados Aécio Neves (PSDB-MG), Alexandre
Santos (PMDB-RJ) e Paulo Feijó (PMDB-RJ)".
Segundo Corrêa, no governo do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de 2003, Irani Varella manteve relação com
o PT, mas acabou sendo substituído no cargo por Renato Duque, condenado na Lava
Jato e cumprindo prisão preventiva em Curitiba.
"O operador de Irani Varella, que
conseguia as propinas com os empresários, para distribuir com seus padrinhos
políticos, era o seu genro, de nome Alexandre", afirma o ex-deputado na
depoimento da delação premiada.
Irani Varella foi nomeado diretor da área de
Serviços da Petrobras em novembro de 2001. Duque o substitui no cargo no início
de 2003.O Estado não conseguiu contato ontem com Alexandre Santos e Paulo
Feijó.