BRASIL - A presidente Dilma Rousseff criticou nesta
quarta-feira a ação militar dos Estados Unidos e de países aliados contra o
grupo militante Estado Islâmico, também
conhecido como Isis, no Iraque e na Síria e disse que os bombardeios, feitos
sem a autorização da Organização das Nações Unidas (ONU), não levam à paz.
Em Nova York, onde fez o discurso de abertura
da 69ª Assembléia-Geral da ONU, a presidente condenou em entrevista coletiva as
ações militares realizadas sem o consentimento da ONU e voltou a defender uma
reforma do Conselho de Segurança, incluindo a entrada como membro permanente de
mais países, entre eles o Brasil.
"Vocês acreditam que bombardear o Isis
resolve o problema? Porque, se resolvesse, eu acho que estaria resolvido no
Iraque, e o que se tem visto no Iraque é a paralisia", disparou Dilma.
Ela disse que a invasão do Iraque em 2003
pelos Estados Unidos, então governado por George W. Bush, provocou a
"dissolução do Estado iraquiano" e disse que o Estado Islâmico, grupo
que tomou vastas áreas do território do Iraque e da Síria e que fez reféns e
decapitou jornalistas ocidentais, é um "subproduto" da invasão
norte-americana no Iraque.
"Hoje a gente querer simplesmente
bombardeando o Isis dizer que você resolve, porque o diálogo não dá. Eu acho
que não dá, também, só o bombardeio, porque o bombardeio não leva a
consequências de paz", disse.
"É minha obrigação defender que isso (a
invasão do Iraque em 2003) não se repita. Que não se faça ações fora do âmbito
da legalidade da ONU."
Assim como fez em seu discurso na
Assembleia-Geral, Dilma criticou a "paralisia" do Conselho de
Segurança e disse que o organismo precisa ter mais poderes.
"Além de eu achar que o Conselho tem que
ser reformulado, acho que o Conselho tem de ter claramente o poder de rejeitar
certo tipo de ação unilateral", afirmou.
Os EUA, ao lado de países árabes e aliados,
têm realizado ataques contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria e o
presidente norte-americano, Barack Obama, prometeu em seu discurso na Assembleia-Geral
manter a pressão sobre o Estado Islâmico, afirmando que o grupo tem que ser
destruído.
Na terça-feira, em carta ao secretário-geral
da ONU, Ban Ki-moon, a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Samantha Power,
disse que os ataques foram necessários para eliminar a ameaça do Estado
Islâmico para o Iraque, para os Estados Unidos e para seus aliados.
Ela afirmou que a ação foi justificada pelo
artigo 51 da carta da ONU, que cobre os direitos individuais ou coletivos dos
Estados à Defesa contra ataques armados.
Fonte: Exame